O rosto moreno, o sorriso aberto e a arte maior de fazer música com uma cana rachada são imagens que se colam à memória. A canção "Rio Azul", cujo refrão é uma espécie de hino para uma geração de jornalistas, animadores, operadores de som e administrativos da Rádio Azul, fizeram com que Xico da Cana fosse "gente de casa", tal como o Mário Regalado, autor do tema, e já falecido há uns anos.
Nos dias do aniversário da primeira emissão da estação radiofónica (01/07/07), era quase um ritual cantar o refrão de "Rio Azul" antes dos parabéns e do apagar das velas, alterando um bocadinho, pequenino, o refrão. Ora vejam, a versão original...
Onde é que existe um rio azul igual ao meu
que em certos dias tem mesmo a cor do céu,
minha cidade é um presépio é um jardim
queria guardá-la inteirinha só para mim.
(Mário Regalado)
E agora, a versão adaptada...
Onde é que existe um rádio azul igual ao meu
que em certos dias tem mesmo a cor do céu,
minha rádio é um presépio é um jardim
queria guardá-la inteirinha só para mim.
São memórias de um tempo que ficou colado à pele, aos sentidos. São memórias de um tempo que serviu para aprender, crescer, fazer amigos, criar laços para a vida. Memórias de um outro tempo também de juventude, generosidade, amor à camisola, empenho e profissionalismo a crescer. Hoje, mais velhos, mais crescidos, mais profissionais, mais ou menos vencedores, hoje continuamos a partilhar as memórias que se colaram à pele e ao coração. Hoje, particularmente tristes, trauteamos baixinho o nosso rio (rádio) azul... e desfiamos outras recordações.
Obrigada Mário Regalado pela inspiração. Obrigada Xico da Cana pela interpretação. Hoje voltaram a reencontrar-se, num espaço de muita luz.
Até sempre, até às estrelas