segunda-feira, 31 de março de 2008

Nova Era

"... É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol..."
Tom Jobim in "Águas de Março"
Espalho no mar as cinzas dos desamores. Lavo a alma de todas as decepções. Deixo o passado no sítio onde deve ficar. Lá atrás. Deixo o passado e também quem dele fez parte e não cabe no meu presente. Deixo também Março partir. Sinto que amanhã - como diz o poeta - é o primeiro dia do resto da minha vida.
Cortei todas as amarras que me prendiam. Sou livre. Como aquela gaivota que voa em direcção ao sol. Vou tocar as estrelas. Comer um pedaço da lua. Banhar-me no azul do céu. E sorrir. Sorrir muito.
Hoje acordei com vontade de lavar a alma. Hoje decidi que tudo muda, se eu quiser. E eu quero. E se eu quero, tudo muda. Abro os braços à mudança, o coração e a mente também. Estou pronta!
Elevo o meu ser para além das montanhas mais altas. Elevo também o meu amor por ti. Esse amor tão salvador. Esse amor. Este amor. Meu amor...
Meu amor, beijo-te a alma, o coração e as tuas mãos também.
Até já

segunda-feira, 24 de março de 2008

Rimas (im)possíveis

Poema rima contigo
Ternura com bondade,
Beijo com afecto,
Abraços rimam com tudo,
E tudo rima contigo
Neste poema de rima livre.
Olhos rimam com espelho
Espelho d’alma
Alma grande
Grande, o teu coração
Que eu beijo neste poema
E as tuas mãos também.
Eu sei, meu amor,
A ternura não se agradece,
E eu não sei escrever poesia
Perdoas-me, de certeza!
Gosto tanto de ti.
Um beijo

quarta-feira, 19 de março de 2008

Alecrim, alecrim dourado...


"... que nasce no monte
sem ser semeado
ai meu amor
quem te disse a ti
que a flor do monte
era o alecrim"
(Popular)

Olhar de menino, coração de leão. Se o Sporting perder é dia de "resina" e mau feitio. Há desculpa para a barba que não foi desfeita. Se o Sporting ganhar, a barba fica com antes (naturalmente por falta de tempo) e o sorriso é mais aberto. Mas mesmo quando há "resina", basta pedir com jeitinho e também há sorrisos, beijinhos e abraços. Abraços perfumados com ternura, embrulhados em bondade e disponibilidade. São assim os abraços do Hélder. Ainda me lembro do último, ainda o sinto, um ano depois.
Um destes dias vou renovar esse abraço. Tenho saudades. Sinto a falta dos abraços, da amizade, do olhar de menino e da voz forte a chamar-me "Lailai". Sinto a falta do antigo companheiro de trabalho, do amigo, do homem forte e sensível. Sempre pronto para a luta e sempre tão corajoso. Como todos os homens de bem. Que choram e lutam. E mesmo quando choram, não se esquecem que é preciso continuar a lutar.
A generosidade do Hélder faz dele um cavaleiro vencedor das causas justas. Quando nos reencontrarmos, acredito que me vou emocionar. Vou chorar, pronto! Só um bocadinho. Para lavar os olhos e poder ver melhor o meu amigo. E levo um ramo de alecrim. Na mochila, às costas, para ter os braços livres. Para te poder abraçar melhor. Força Amigo.
Um beijo
Lailai

quinta-feira, 13 de março de 2008

Romantismo

O francês é por excelência a língua do amor. É uma língua quente, ardente, com uma sonoridade peculiar que lhe confere um romantismo pouco comum. As palavras soam a mel, lembram momentos, celebram paixões.
Todas as palavras de amor são mais de amor quando ditas em francês. São mais autênticas. E as juras de amor têm o sabor da eternidade. Je t'aime, mon amour, despertam mais os sentidos, convidam à entrega, à celebração, à descoberta. E todas as palavras relacionadas com o amor, tocam na perfeição o botão de todos os sentidos. Amar, sonhar, ver as estrelas, olhar o mar, lembranças, fazem parte do universo mágico das palavras das almas enamoradas. Aimer, rever, voir les etoiles, regarder la mer, souvenirs são convites irrecusáveis ao romantismo. Como as canções de Aznavour e Piaf para ouvir, baixinho, num jantar à luz das velas. Num terraço com vista para o mar, sob um céu de estrelas.
En ecoutant la mer, les paroles, les paroles d'amour, les paroles et la chanson; moi et lui et sur la table une rose, rouge, comme le vin, le miroir de la passion. Et, après dinner, ecouter les paroles magiques: je t'aime!

quarta-feira, 12 de março de 2008

Espiral

Um cigarro fumado à pressa, como se não houvesse amanhã. Como se matasse a fome, a sede, a solidão e a tristeza. E depois outro cigarro. Fumado ainda mais depressa. Como se a vida dependesse desse fumo. E mais outro. E outro. E outro. E muitos.
Nuvens de fumo. No cérebro também. Ideias envoltas em nada como as mãos nuas, cheias de nada. E cheias de medo do vazio.
Olhos semicerrados à procura. Na noite. Por entre o fumo. Não se vê nada! Não há nada!
Ainda há cigarros. E vai haver mais fumo. Anéis de fumo que se elevam num apelo às estrelas. Alguém precisa de companhia. Os cigarros não gostam de estar sozinhos!

quarta-feira, 5 de março de 2008

O beijo do sol

Naquele dia acordou com zangada com o mundo. Com vontade de bater em alguém. De arrasar com palavras quem lhe aparecesse. Resmungou com as paredes, insultou as portas, praguejou no chuveiro. Comeu qualquer coisa e gritou com a televisão. Ouviu o apito longínquo do comboio e sugeriu-lhe um destino pouco convencional. Abriu as janelas e fumou o primeiro cigarro, como se fosse o último.
Olhou para para o sol como se fosse a primeira vez e derreteu-se num sorriso imenso. E deleitou-se com o que restava daquele cigarro. O sol piscou-lhe o olho, cúmplice, a lembrar que estava sempre ali. Incondicional. Mesmo nos dias de chuva. O sol era fiel e tinha forma de gente. O sol dava-lhe abraços e mimos. Sem palavras, falava-lhe de amor, de afectos, de ternura, de esperança.
Beijou o sol, de mansinho, à distância. Acendeu outro cigarro, devagar. Sentiu o beijo do sol. E sentiu a alma lavada. Deixou-se ficar, à mercê dos beijos do sol e dos abraços do vento.
Quando sol se foi embora, sentou-se frente ao computador e escreveu. Inspirada, escreveu, escreveu, escreveu... e depois mandou tudo num e-mail. Para o Sol. Com muitos beijos.