quarta-feira, 30 de julho de 2008

Despertar

É um pássaro, é uma rosa,
é o mar que me acorda?
Pássaro ou rosa ou mar,
tudo é ardor, tudo é amor.
Acordar é ser rosa na rosa,
canto na ave, água no mar.

(Eugénio de Andrade)

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Eternidade


Pessoas como a Fernanda Baptista ficam para sempre na memória e no coração. Porque os afectos são eternos.
Obrigada p'las rosas e p'la ternura. Comoventes. Como este beijo no coração.
Até sempre.

Foto: D.R.

http://aeiou.caras.pt/Famosos/ArtesEspectaculo/Pages/FernandaBaptista.aspx

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Dialética

É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste...

Vinicius de Morais

sexta-feira, 18 de julho de 2008

La Rose

O orvalho da noite conferia ao botão de rosa um toque de frescura e também de abandono. Era a rosa mais bonita do jardim. E a mais sensível. A mais autêntica.
Aos primeiros raios de sol, a rosa continuava coberta de gotículas e linda. De uma beleza (quase) divina. E as gotas pareciam pétalas de rosa. E às vezes, lágrimas. E sempre pedaços de prata e bondade.
A beleza da rosa atraiu um botãozinho, que a mirava enternecido. As pétalas de ambos tomavam a forma de corações sempre que se olhavam e na terra molhada, as raízes de ambos tocavam-se com ternura. Entrelaçavam-se de amor.
No jardim, as outras flores, corroídas pela inveja, tentaram arrastá-la para a lama. Desfazer-lhe o porte e as pétalas com maledicência.
Naquela manhã, o sol acordou mal disposto. E pior ficou quando sentiu a maldade das outras flores. Porquê? – Perguntou-lhes o sol. Porque sim – responderam maldosamente. No meio de gargalhadas diabólicas, continuaram a tentar secar-lhe a terra, tapando-lhe a luz do sol.
O sol avisou a inveja para parar. A inveja não parou. O sol voltou a avisar. A inveja aumentou. O sol enfureceu-se. Abriu os braços e envolveu a inveja numa abrasadora onda de calor. As outras flores começaram a secar. A perder a beleza. A perder as pétalas… que foram caindo por terra. Arrastadas para longe, pelo vento. Nesse espaço do jardim, nasceram árvores frondosas e flores bonitas.
As raízes da rosa e do botão fundiram-se num só. Partilhavam o mesmo caule. A mesma vida. Como deve ser, quando o amor acontece.
L’important, c’est la rose… C’est (a) toi!

terça-feira, 15 de julho de 2008

Solidão

Espreito no tempo por um pedaço de ti
Procuro no vento o eco da tua voz
Caminho na avenida em busca da tua sombra
Estendo a mão à procura da tua
Abro as narinas para sentir o teu perfume
Mas a tarde não cheira.
O vento partiu.
E as sombras, meu amor, não se podem abraçar.
Continuo à procura,
à procura de mim.
Quando me encontrar,
tenho-te de volta.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

terça-feira, 1 de julho de 2008

Memórias de Azul

O senhor que me faz companhia nesta foto chama-se Jorge. Jorge Simões. Foi um dos fundadores da Rádio Azul e a alma da estação. Com ele descobri a magia da rádio, a paixão pela escrita, a força das palavras. Enquanto ser humano, ensinou-me valores para vida: amizade, lealdade, integridade, solidariedade, dignidade, confiança, respeito.
A Rádio Azul faz hoje 23 anos. Já nenhum de nós trabalha na estação. Nem eu, nem o Jorge, nem todos os outros amigos. Ali crescemos, chorámos, lutámos, vencemos e às vezes nem por isso. Ali sorrimos e rimos muito também.
A fotografia que ilustra esta prosa pouco tem a ver com a data de hoje. Foi tirada há dez anos, no dia do meu aniversário. Quando voltei a trabalhar com o Jorge. Quando o Jorge me levou a descobrir a magia, o encanto e todos os outros segredos da televisão.

http://pelosonhoehquevamos.blogspot.com/2007/07/nota-de-abertura.html

Jorge:
No dia em que a "nossa" velha rádio faz anos, tenho mais um "pretexto" para me lembrar, muito, de ti , com quem aprendi ainda a refinar o mau feitio, a teimosia e muito mais a ternura. No dia de hoje, faz todo o sentido abraçar-te com a força das palavras, Pai Profissional, querido Amigo.
E cá estou eu a correr atrás do sonho. Como tu me ensinaste. De um sonho que tu apadrinhas. E sei que tenho tanto ainda para aprender contigo. Agora que estamos ambos nos "entas" tens que me ensinar também a refinar esta "ternura" própria da idade. Até lá, Amigo, sossega. Porque de amar, nunca te deixo. E de sonhar também.
Um beijo