sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Memórias


Esta fotografia tem 42 anos. O pai tinha cabelo, sentava-me ao colo, éramos os três muito elegantes e não tínhamos cabelos brancos. E desde sempre, partilhámos o bolo de aniversário... Como hoje. Pai e filha fazerem anos no mesmo dia dá sempre direito a um bolo com muitas velas.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

The last of 45

Desnudam-se as árvores de folhas
Veste-se a alma de esperança
o sol acorda mais tarde,
lava as ramelas no mar,
e empresta à terra tons dourados de sonho.
O azul do céu tinge-se de cinza
E no oceano, as águas ficam turvas e agitadas
O frio junta as nuvens,
num imenso tapete de algodão.
Segue viagem o barco (quase) solitário,
Rodeado de gaivotas e golfinhos.
Acende-se no coração
a lareira da ternura...
Esta noite, o mundo dá mais uma volta.
Amanhã, abraças-me outra vez
Abraças-me todos os dias!
O teu abraço faz-me bem.
Estás sempre aqui, meu amor
E eu também.
Até amanhã.
Um beijo

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Sabores

O mar tem gosto a sal e às vezes a lágrimas. Mas sem sal, o mar - de certeza - que se tornava demasiado insonso, triste e menos belo. Na imensidão do azul, o sal tempera-o de sonho, mistério, ternura. E sal lembra peixe. Um bom peixe grelhado no carvão, regado com um bom vinho, à escolha de cada um. De preferência, frutado.
O ar não tem gosto mas às vezes pesa. E noutras, as melhores, torna-se tão levezinho que confere uma vontade imensa de usufruir em pleno o lado bom da vida. Quando o ar está levezinho, sabe sempre um queijinho e um bom tinto.
Já o sol, que gosto tem? Quando amarelinho ao nascer, terá o paladar da timidez e da doçura. Basta café para acordar. No pico do meio dia, completamente dourado, terá o gosto de uma saborosa refeição. Pode até ser uma boa salada e para beber, um bom sumo. De cenoura.
Ao entardecer, vermelho de paixão, tem - certeza - o paladar do amor e acompanha bem com ostras e um bom vinho branco fresquinho, de preferência alentejano para melhor casar os sabores da terra e do mar.
E o céu, alguém já provou? Que paladar tem? E acompanha bem com quê?
Um destes dias vou descobrir.

Cruzada

Faz tanto barulho, o silêncio. Um barulho ensurdecedor. Faz ruído nas imagens que me ficaram na memória.
As saudades rasgam o peito e esvaziam a alma.
Esventra-se o ser mas não a confiança. Amarfanha-se a dor mas nunca a lembrança.
Parar é desistir.
Eu continuo. Vou.