domingo, 29 de agosto de 2010

"Faro"

Há anos que é assim. Apanhas-me nos anos e eu corro, corro, corro, como se não houvesse amanhã. Corro até Outubro. E lá quase no final, paro. Sento-me, espero. Deixo entrar mais um ano. E assim fico novamente mais velha do que tu.
E enquanto não chega esse dia, e porque hoje é o teu dia especial, escrevo-te em letras redondas de ternura a enorme amizade que tenho por ti. Escrevo-te e abraço-te em cada letra desta prosa, por cada sorriso, cada momento, todos os momentos. Porque todos os momentos são de muita cumplicidade, de muita ternura, até mesmo aqueles que às vezes não pareciam. Afinal, quem é mais fácil de abraçar e até discutir? Os amigos! Amigos são seres especiais que ganham estatuto de irmãos, no lugar sagrado dos afectos.
Amigos são abraços, ombros, mãos, olhos, refúgios, portas abertas para a esperança.
Ainda gostas de faróis? Eu também. E o Cabo Espichel continua tão próximo daqui.
És umas das melhores pessoas que eu conheço. E tenho saudades dos abraços dos "Bonitinhos".

Um beijo, na catedral dos afectos
Adelaide

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A Lua não faz falta...

Temendo derreter na voragem do calor tórrido de Agosto, a Lua indignou-se e arrastou as estrelas para um protesto universal de escuridão. Deixou a noite escura, (quase) sem graça. Logo hoje, que eu queria muito escrever(-te) ao luar...
Persistente, escrevo. Porque escrever faz parte de mim! Porque a escrita corre-me nas veias, as palavras nascem em mim e não me apetece abortar esses filhos, que começo a beijar e a amar ainda antes do acto da concepção...
A noite está sem Lua mas não perdeu predicados, adjectivos e todos aqueles pequenos itens que dão mais sentido à vida. O romantismo reacende-se com coisas simples, como olhares incendiados de cumplicidades e beijos, toques, sentires, ainda velas, lareiras e outras luzes artificiais, e o amor exalta-se com o calor genuíno da paixão nascente dos corações em fogo. A Lua pode continuar de folga, de férias, de greve, etc. Eu continuo a escrever por ser a forma mais sublime de fazer amor com as palavras, com o sonho, com a vida, contigo. É sentir um querer maior nascer na ponta dos dedos que afagam o teclado da ternura, enquanto procuram dedos de outras mãos... as tuas, as tuas mãos onde rabisco, traço, desenho, escrevo, assino, o amor que tenho por ti. Para te falar de amor, não preciso da Lua. Só preciso... de ti!

sábado, 21 de agosto de 2010

Coração de veludo

O olhar de veludo espelhava um coração de menino. A vontade de correr atrás do sonho, crescer, aprender, ser melhor, permitiam antever o futuro. Futuro que é hoje um excelente presente! O menino cresceu, tornou-se um homem de (muito) bem, um grande profissional, um pai de família babado! E continua a ser um dos meus melhores amigos!
O Pedro Conceição mantêm hoje todas as qualidades que lhe conheci há vinte anos. Continua a ser doce, lindo, generoso. Reconheço-lhe a ternura em estado puro, reconheço-lhe a autenticidade e reconheço em mim um enorme orgulho no "meu Pedrocas"!
Só os fartos e revoltos caracóis - que em tempos lhe emolduravam o rosto - sucumbiram às curvas da vida. Tudo o resto, ficou! Intacto! Como o abraço apertado que nunca apetece desfazer.
O "meu" menino faz anos hoje e todas as palavras redondas de carinho que fazem parte desta prosa poderiam ter sido escritas em qualquer um outro dia, num qualquer outro ano.
Feliz dia, feliz tudo, para ti Amigo. E muito mais feliz eu sou, por te conhecer, por fazeres parte do meu mundo de afectos.
Beijo-te, na catedral da ternura, no coração
(Lai)

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Chilrear (duplo)

Um dia descobriram que chilreavam afinadinhos e resolveram partilhar a vida! Ela - contrariando a herança genética - subiu ruidosamente ao sétimo céu da felicidade, ele, mais tímido e comedido, limitava-se a sorrir. A história de amor dos "pardalitos" emocionou toda a gente. Olhá-los, era quase poder tocar a felicidade em estado puro!
E, por via desse amor, os "pardalitos" agora estão em estado - puríssimo - de graça! Manda o rigor da informação que se acrescente, duplo, estado de graça!
Consigo imaginar o brilhozinho nos olhos dos meus amigos, espelho dessa felicidade maior. E, num passe de mágica, os meus olhos ficaram também mais brilhantes. A felicidade tem destas coisas e mal não faz confessar que andou aqui uma lagrimita teimosa, que não me apeteceu travar.
Para a coisa ser mais que perfeita, só falta aquele abraço interminável aos meus amigos. Até lá, fica este abraço feito de palavras, palavras maiores, em nome deste amor mais alto, chamado amizade!

Muitos parabéns. Um beijo (no coração)
Adelaide

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Criação

Apetecia-lhe um beijo... com sabor a chegada e despedida. Um beijo colado à pele que falava em silêncio das saudades e da alegria do reencontro. Apetecia-lhe o mar a entrar pelos olhos e a roubar-lhe os sentidos... Apetecia-lhe um banho de afecto e um fim de tarde, mágico. Com direito a pôr do sol, numa praia deserta, com direito a fogueira, guitarras ao longe e um solo de flauta!
Fechou os olhos para inalar melhor o cheiro do mar. E saborear os acepipes da cesta de piquenique e o vinho branco gelado que lhe refrescava os sentidos. Fechou os olhos e ficou de mão dada com o sonho. Em forma de vida, em forma de gente! Elevou os sentidos ao sétimo céu, roçou os lábios no sol e afagou a lua adormecida...
Acordou com um beijo do vento a afagar-lhe o rosto. Sorriu. Acendeu um cigarro e começou a escrever. Como se não houvesse amanhã. Beijava cada palavra recém chegada como se fosse um filho e dava forma à prosa escrita no poema da certeza de amar...
Chegou ao fim da página com a alma lavada e o coração aquecido. Escrever é outra forma de fazer amor!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Realidade(s)

A noite está quente, cinzenta, sem estrelas
A noite está...
O meu espelho,
E não me apetece ser desnudada,agora!
Esta noite pode até ser cúmplice,
solidária e traiçoeira...
Esta noite, somos nós,
Eu e tu, e os nossos beijos...
E levamos a noite à boleia.
Esta noite, mandamos a noite à fava,
namoramos em silencio no luar cinzento,
beijamos as estrelas ocultas,
degustamos a vida,
e o vinho branco, também!