segunda-feira, 25 de abril de 2011

Culpa do FMI

Há 25 anos, o café Central, em Setúbal, apresentava uma exposição de caricaturas alusivas ao 25 de Abril, creio que da autoria do grande Cid. Lembro-me bem de ter visitado esse espaço. Ontem à noite, pensei ser possível beber um café no Central, antes do concerto do Paulo de Carvalho. Quando cheguei à Praça do Bocage, não queria acreditar. Todos os cafés estavam fechados, a bonita praça na penumbra, o edifício da câmara às escuras... Se não tivesse passado minutos antes pelo Largo da Misericórdia, ficaria com dúvidas sobre a autenticidade do concerto...
Dei comigo a questionar, juntamente com os meus amigos, qual a razão de ser para que o concerto tenha sido realizado nesse pequeno largo, em detrimento de outros espaços nobres e muito bonitos da cidade.
Chegámos à conclusão que a culpa de tudo isto, é do FMI. Que - provavelmente - terá dado instruções à autarquia para que o concerto tivesse lugar no largo da Misericórdia, por uma questão de economia. Sempre eram menos luzes acesas e ainda tinha mais duas vantagens. Os espectadores ficariam mais quentinhos, caso a noite estivesse fria e o aglomerado populacional daria a ideia de que havia lotação esgotada, tipo, "Setúbal saiu à rua para ver o Paulo de Carvalho". Ainda não li noticias sobre o evento. Tenho a certeza que Setúbal não saiu, em peso, à rua. Acarinho entretanto a grata recordação de ontem à noite ter estado e reencontrado pessoas de quem gosto muito e que, como eu, acreditam que Setúbal merece melhor.
O concerto do Paulo de Carvalho, que por volta da meia noite até cantou um beijo à Lua, deixou-me de alma cheia. Os abraços emocionados ao som da eterna Grândola e a partilha do hino à liberdade são bons motivos para acreditar que esta cidade e este país precisam/merecem uma grande mudança. Em nome da liberdade.