quinta-feira, 3 de abril de 2008

(Outra) Carochinha


Limpou a casa, lavou a alma. Nada mais encontrou que lixo e teias de aranha. Tomou um banho e pôs-se à janela. Fumou um cigarro... e outro... e mais outro...
Passou um burro que lhe zurrou uma canção de amor. Quando o burro deu um coice e fugiu, fechou a janela.
... Voltou a limpar a casa e a lavar a alma. Tinham menos lixo e teias de aranha. Tomou um banho e foi ver o sol. Abriu a janela. Fumou um cigarro. Ficou à espera...
Passou um cão. Ladrou-lhe algo que lhe disse ser um poema de amor. O cão mordeu-lhe! Fechou a janela.
... Tarefas domésticas terminadas, tomou um banho e espreitou pela janela. Julgou ter ouvido ronronar uma promessa de amor. Pensou: "É desta!". O gato arranhou-a! Fechou definitivamente a janela.
... Fartou-se de ter a janela fechada. Abriu-a, depois de ter limpo o coração e lavado a alma. Tomou um banho e foi prá janela. Fumou um cigarro e ficou à espera. Fumou mais um cigarro e outro... e muitos. O sol foi-se embora e ela foi fazer o jantar. Deixou a janela aberta...

Sem comentários: