quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Sei de ti (tenho a certeza)


Sei de ti
cada palavra, cada gesto,
cada abraço.
Sei de ti a a confiança
e a ternura.
Sei de ti,
a presença diária
na minha vida.
Sei de ti,
o apoio incondicional
de todos os dias.
Sei de ti,
a amizade,
a disponibilidade
e a solidariedade.
Sei de ti,
o teu coração imenso
e a bondade que me comove.
Sei que conto sempre contigo,
Sei que estás sempre aqui,
Comigo,
E tu também
No meu coração!
Sempre!
À meia noite
vou pensar em ti;
Olhar as estrelas
Beijar a tua alma,
Pedir ao céu
o mais bonito pedaço de azul,
para ti.
Sei de ti,
a eternidade dos afectos.
Tenho a certeza;
Este amor maior é para a vida.
Sei (tenho a certeza)

Bom Ano meu amor
Mil beijinhos

Feliz 2009

Foto: D.R.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Debaixo da Lua

A ti,
meu amor,
que me sorris,
sempre,
por debaixo da Lua
Invento a esperança
Em forma de estrela
Penduro-a no céu
Por debaixo da Lua,
Ao lado do poema
Que escrevi para ti.
Engole-me, a noite,
Morde-me, a vida,
Pontapeia-me, a sorte,
Só tu me sorris
Por debaixo da Lua.

Beija-me, o vento,
Abraça-me, o frio,
Tremo, de amor,
Por debaixo da Lua
Já nada de me dói.
Embala-me, o mar
Afaga-me, a espuma;
Está tanto frio
E eu de alma quente!
Por debaixo da Lua
A estrela (que inventei) sorri.

Afaga-me, a tormenta
Abraça-me, a nuvem
E tu também.
Acende-se, o céu,
Apaga-se, o frio,
Ateia-se a esperança!
Por debaixo da Lua,
A chuva de prata
Escreveu um poema
Que é todo teu!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Espírito de Natal


Trabalho, partilha, solidariedade, amor, perdão, esperança, paz.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Memórias


Esta fotografia tem 42 anos. O pai tinha cabelo, sentava-me ao colo, éramos os três muito elegantes e não tínhamos cabelos brancos. E desde sempre, partilhámos o bolo de aniversário... Como hoje. Pai e filha fazerem anos no mesmo dia dá sempre direito a um bolo com muitas velas.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

The last of 45

Desnudam-se as árvores de folhas
Veste-se a alma de esperança
o sol acorda mais tarde,
lava as ramelas no mar,
e empresta à terra tons dourados de sonho.
O azul do céu tinge-se de cinza
E no oceano, as águas ficam turvas e agitadas
O frio junta as nuvens,
num imenso tapete de algodão.
Segue viagem o barco (quase) solitário,
Rodeado de gaivotas e golfinhos.
Acende-se no coração
a lareira da ternura...
Esta noite, o mundo dá mais uma volta.
Amanhã, abraças-me outra vez
Abraças-me todos os dias!
O teu abraço faz-me bem.
Estás sempre aqui, meu amor
E eu também.
Até amanhã.
Um beijo

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Sabores

O mar tem gosto a sal e às vezes a lágrimas. Mas sem sal, o mar - de certeza - que se tornava demasiado insonso, triste e menos belo. Na imensidão do azul, o sal tempera-o de sonho, mistério, ternura. E sal lembra peixe. Um bom peixe grelhado no carvão, regado com um bom vinho, à escolha de cada um. De preferência, frutado.
O ar não tem gosto mas às vezes pesa. E noutras, as melhores, torna-se tão levezinho que confere uma vontade imensa de usufruir em pleno o lado bom da vida. Quando o ar está levezinho, sabe sempre um queijinho e um bom tinto.
Já o sol, que gosto tem? Quando amarelinho ao nascer, terá o paladar da timidez e da doçura. Basta café para acordar. No pico do meio dia, completamente dourado, terá o gosto de uma saborosa refeição. Pode até ser uma boa salada e para beber, um bom sumo. De cenoura.
Ao entardecer, vermelho de paixão, tem - certeza - o paladar do amor e acompanha bem com ostras e um bom vinho branco fresquinho, de preferência alentejano para melhor casar os sabores da terra e do mar.
E o céu, alguém já provou? Que paladar tem? E acompanha bem com quê?
Um destes dias vou descobrir.

Cruzada

Faz tanto barulho, o silêncio. Um barulho ensurdecedor. Faz ruído nas imagens que me ficaram na memória.
As saudades rasgam o peito e esvaziam a alma.
Esventra-se o ser mas não a confiança. Amarfanha-se a dor mas nunca a lembrança.
Parar é desistir.
Eu continuo. Vou.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Memórias e saudades


Gosto de acreditar que moras atrás do pôr do sol e és a estrelinha brilhante que todos os dias me pisca o olho antes de dormir. Gosto de pensar que antes de partir, partilhaste as pétalas da ternura, as sementes da esperança, o pólen da bondade. Gosto de pegar no meu porta chaves e recordar as vezes que te serviu para para brincadeiras efémeras à mesa do restaurante.
Dou comigo a pensar como contigo a brevidade é para sempre. Como eternas são as memórias e as saudades.
Estás sempre aqui, no meu coração!
Mil beijinhos

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Nobreza

Transformar um abraço num porto seguro.
Deixar que a generosidade dê alma a uma coisa fútil.
Ter sempre uma palavra amiga em todas as horas.
E um sorriso do tamanho do mundo.
Nobreza
Lê-se no olhar,
Lado a lado com a bondade.
Como um poema
(o mais belo)
saído do coração.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Tempo de amar

Beija-me
e deixa-me mergulhar
no teu coração.
Deixa-me beber esse amor,
saborear esse mel.
Deixa-me ficar assim,
nos teus braços,
no crepúsculo do dia,
e guardar nos meus olhos
as imagens em tons de sépia
que lembram o tempo
do nosso amor.
Abraça-me mais
E dá-me um beijo
Interminável
Mágico
que faça parar o tempo.
Fica.
Eu nunca saí daqui

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Militâncias

Estar de volta é sempre um sentimento feliz. Da mesma maneira que me entristecem as despedidas. Desses momentos guardo apenas os abraços. Os abraços que não apetece desfazer, que ficam colados à pele, que aquecem o coração todos os dias. E os abraços são sempre tão bons. Apertados, colados, confortáveis, fofinhos. É por isso que gosto tanto de abraços. Fazem-me sentir viva, mostram-me o lado bom da vida, ajudam tanto a acreditar que vale a pena.
Sou militante de abraços e de afectos. Gosto de sentir a alma cheia e o coração a transbordar quando penso amizade. Porque a amizade é para vida, para além das estrelas. Porque a amizade é uma mão sempre estendida, dois braços e um coração - abertos - para receber, ouvidos disponiveis para escutar.
A amizade é uma militância saudável de afectos. Amigos são os irmãos que o coração escolheu para a vida. Amizade está sempre presente, nos dias de muito calor, quando faz chuva, quando cai a neve ou mesmo quando o sol brilha envergonhado. A amizade resiste à partida de um amor perdido, a amizade resiste sempre à fogueira das vaidades, a amizade levanta o ego e não deixa a o pensamento sucumbir às armadilhas da solidão e do abandono. A amizade está sempre presente mesmo depois de perder o emprego e um lugar na lista na lista telefónica do telemóvel. Amizade é partilha, é confiança, é afecto. Sempre!
Amizade é estar sempre à distância de um abraço, sem contar os quilómetros.
E militante deste amor maior, deste amor mais alto que transforma os seres humanos em anjos, só conheço uma maneira de "ter as quotas em dia"; gostar cada vez mais. Da nossa amizade. De ti.
Eu também estou sempre aqui.
Mil beijinhos, adoro-te

domingo, 24 de agosto de 2008

Oiro, de muito oiro...

... o teu abraço que nunca me apetece desfazer.
A amizade e a confiança que partilhamos,
E o estar sempre aqui.

Oiro puro, de muito oiro...
O teu coração
De quem o sol copia os reflexos dourados.

De muito oiro, oiro puro
O teu sorriso
Que a lua imita
Ao rasgar a noite escura.

Oiro, de muito oiro, oiro puro
És tu, meu Amor.

Confiança

O que é bonito neste mundo, e anima,
É ver que na vindima
De cada sonho
Fica a cepa a sonhar outra aventura…
E que a doçura
Que se não prova
Se transfigura
Numa doçura
Muito mais pura
E muito mais nova

(Miguel Torga)

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Only You

Virado para o altar, na mais profunda concentração, pedia - de certeza - a benção divina. Minutos depois começou a cantar. Uma voz de anjo recortada na penumbra, tocava a alma. A acústica da velha capela seiscentista conferia ao momento um toque de magia. E enquanto a voz percorria a letra da canção, senti que cá dentro, se abriam as comportas da emoção.
Escondi os olhos atrás dos óculos, e saí. Continuei a ouvir a voz de anjo cantar uma das minhas canções preferidas. Dos meus olhos, duas lágrimas furtivas teimavam sair.
Acendi um cigarro e lavei os olhos no Sado.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Quando o telemóvel toca I...

... acendeu-se o ecran e o meu sorriso. E disseste: "Cheguei". Pela fresta da janela vi os dois carros parados. Como sempre, junto de ti, redescubro o lado bom da vida. Os amigos. Os abraços. Os sorrisos. Os afectos. Sinto a alma lavada.
Tudo o que fica destes momentos é muito bom. Cada segundo é uma semente de amor e de esperança que cresce no meu coração, regada pela ternura da amizade.
Recordo-me bem como o dia amanheceu chuvoso e tu chegaste com o sol. Aliás, trouxeste o sol. Trouxeste o sol e a amizade que me aquecem a alma. Todos os dias. Gosto tanto de ti. Gosto tanto de vocês. Gosto de ti porque sim, gosto dos amigos que partilhas comigo, também porque sim. Gosto tanto desta amizade. Gosto muito. Muito. Muito!
Abriste-me o coração e as portas de casa. Partilhas generosamente comigo os amigos, a esperança, a confiança, a vida. Preocupas-te com o meu silêncio, sabes sempre o momento certo em que é preciso pôr-me para cima.
A teu lado, do vosso lado, ao lado de gente linda como tu, como vocês, sinto-me bonita. Uma princesa. Entre príncipes e principezinhos de afecto, sinto que a vida volta a beijar-me. Sinto que o sol volta a ser também um bocadinho meu.
Cada vez que estou contigo, com vocês, fico feliz, e sem palavras para agradecer a ternura. Só conheço uma forma de o fazer. Gostar muito de ti todos os dias. Cada vez mais. Mimar-te cada vez mais. Sempre mais. Mais, mais, mais.
Obrigada meu amor. Obrigada meus amores.
Beijo grande no coração.
Adoro-te. Adoro-vos. Muito!
Até amanhã...

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Quando o telemóvel toca...

... e um sorriso se acende no visor, um outro sorriso acende-se em mim. E os meus olhos entornaram-se de ternura e comoção. E ficaram muito molhados quando do outro lado me falaram da preocupação causada pelo meu silêncio. Silêncio de poucos dias. Já não me lembro da ultima vez que alguém se preocupou com o meu silêncio. Ou melhor, só de lembro de ti. De todas as vezes, só me lembro de ti.
Obrigada meu amor. Por tudo. Desculpa a preocupação. Foi sem querer e apesar do silêncio, pensei em ti todos os dias.
Da próxima vez que nos encontrarmos, vou beijar o verde dos teus olhos, promessa de esperança, certeza de afecto. E agora beijo o teu coração.
Da próxima vez que o telemóvel tocar vou ouvir-te dizer "estou a chegar". E eu vou estar à espera, de braços abertos.
Até já. Mil beijinhos

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Despertar

É um pássaro, é uma rosa,
é o mar que me acorda?
Pássaro ou rosa ou mar,
tudo é ardor, tudo é amor.
Acordar é ser rosa na rosa,
canto na ave, água no mar.

(Eugénio de Andrade)

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Eternidade


Pessoas como a Fernanda Baptista ficam para sempre na memória e no coração. Porque os afectos são eternos.
Obrigada p'las rosas e p'la ternura. Comoventes. Como este beijo no coração.
Até sempre.

Foto: D.R.

http://aeiou.caras.pt/Famosos/ArtesEspectaculo/Pages/FernandaBaptista.aspx

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Dialética

É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste...

Vinicius de Morais

sexta-feira, 18 de julho de 2008

La Rose

O orvalho da noite conferia ao botão de rosa um toque de frescura e também de abandono. Era a rosa mais bonita do jardim. E a mais sensível. A mais autêntica.
Aos primeiros raios de sol, a rosa continuava coberta de gotículas e linda. De uma beleza (quase) divina. E as gotas pareciam pétalas de rosa. E às vezes, lágrimas. E sempre pedaços de prata e bondade.
A beleza da rosa atraiu um botãozinho, que a mirava enternecido. As pétalas de ambos tomavam a forma de corações sempre que se olhavam e na terra molhada, as raízes de ambos tocavam-se com ternura. Entrelaçavam-se de amor.
No jardim, as outras flores, corroídas pela inveja, tentaram arrastá-la para a lama. Desfazer-lhe o porte e as pétalas com maledicência.
Naquela manhã, o sol acordou mal disposto. E pior ficou quando sentiu a maldade das outras flores. Porquê? – Perguntou-lhes o sol. Porque sim – responderam maldosamente. No meio de gargalhadas diabólicas, continuaram a tentar secar-lhe a terra, tapando-lhe a luz do sol.
O sol avisou a inveja para parar. A inveja não parou. O sol voltou a avisar. A inveja aumentou. O sol enfureceu-se. Abriu os braços e envolveu a inveja numa abrasadora onda de calor. As outras flores começaram a secar. A perder a beleza. A perder as pétalas… que foram caindo por terra. Arrastadas para longe, pelo vento. Nesse espaço do jardim, nasceram árvores frondosas e flores bonitas.
As raízes da rosa e do botão fundiram-se num só. Partilhavam o mesmo caule. A mesma vida. Como deve ser, quando o amor acontece.
L’important, c’est la rose… C’est (a) toi!

terça-feira, 15 de julho de 2008

Solidão

Espreito no tempo por um pedaço de ti
Procuro no vento o eco da tua voz
Caminho na avenida em busca da tua sombra
Estendo a mão à procura da tua
Abro as narinas para sentir o teu perfume
Mas a tarde não cheira.
O vento partiu.
E as sombras, meu amor, não se podem abraçar.
Continuo à procura,
à procura de mim.
Quando me encontrar,
tenho-te de volta.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

terça-feira, 1 de julho de 2008

Memórias de Azul

O senhor que me faz companhia nesta foto chama-se Jorge. Jorge Simões. Foi um dos fundadores da Rádio Azul e a alma da estação. Com ele descobri a magia da rádio, a paixão pela escrita, a força das palavras. Enquanto ser humano, ensinou-me valores para vida: amizade, lealdade, integridade, solidariedade, dignidade, confiança, respeito.
A Rádio Azul faz hoje 23 anos. Já nenhum de nós trabalha na estação. Nem eu, nem o Jorge, nem todos os outros amigos. Ali crescemos, chorámos, lutámos, vencemos e às vezes nem por isso. Ali sorrimos e rimos muito também.
A fotografia que ilustra esta prosa pouco tem a ver com a data de hoje. Foi tirada há dez anos, no dia do meu aniversário. Quando voltei a trabalhar com o Jorge. Quando o Jorge me levou a descobrir a magia, o encanto e todos os outros segredos da televisão.

http://pelosonhoehquevamos.blogspot.com/2007/07/nota-de-abertura.html

Jorge:
No dia em que a "nossa" velha rádio faz anos, tenho mais um "pretexto" para me lembrar, muito, de ti , com quem aprendi ainda a refinar o mau feitio, a teimosia e muito mais a ternura. No dia de hoje, faz todo o sentido abraçar-te com a força das palavras, Pai Profissional, querido Amigo.
E cá estou eu a correr atrás do sonho. Como tu me ensinaste. De um sonho que tu apadrinhas. E sei que tenho tanto ainda para aprender contigo. Agora que estamos ambos nos "entas" tens que me ensinar também a refinar esta "ternura" própria da idade. Até lá, Amigo, sossega. Porque de amar, nunca te deixo. E de sonhar também.
Um beijo

segunda-feira, 30 de junho de 2008

(As Tuas) Mãos

Estendem-se para mim
As tuas mãos
Agarram-me
Afagam-me
E ficam nas minhas.

Estendem-se as (tuas) mãos,
Amigas,
Tocam as minhas.
Sinto-me segura
Muito segura
Nas tuas mãos.

Dás-me a (tua) mão,
Que eu beijo com ternura,
Como se fosse o teu coração.

N.B. Foto D.R.

Sem ti

E de súbito desaba o silêncio.
É um silêncio sem ti,
sem álamos,
sem luas.
Só nas minhas mãos
oiço a música das tuas.
Eugénio de Andrade

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Os teus olhos

Os olhos requerem olhos
Os corações, corações..
(Cancioneiro alentejano)

Nos teus olhos
adoro mergulhar
os meus olhos.
Nos teus olhos
lavo a minha alma.
Nos meus olhos
guardo sempre um pedaço dos teus.
Cada vez que chego
os teus olhos dizem-me
que gostas de mim.
E quando parto
Os teus olhos prometem
que vou voltar.
Gosto tanto dos teus olhos
Gosto tanto de ti, meu amor!

quarta-feira, 18 de junho de 2008

A Lua é toda tua

Nos meus tempos de menina contaram-me que alguém tinha comido um pedaço da lua. E mesmo assim, a lua continuava tão bonita. Lembrava um sorriso de prata, desenhado no céu. Sorria bondosamente para o mundo. Sorria e prometia um mundo cada vez melhor.
No dia seguinte - dia dos meus anos - a lua voltou a ser uma esfera de prata, redonda como um bolo gigante. As estrelas - cintilantes - que a rodeavam, serviam de velas e cada vez que o ventinho amigo as mimava, brilhavam ainda mais. O céu estava em festa. Percebi que o céu fica em festa sempre que nasce uma criança e retoma a festa em cada aniversário. E naquele dia, senti que a lua brilhava, um bocadinho só para mim. Ficámos amigas.
Esta noite, a lua piscou-me o olho e brilhou intensamente. Pintou o céu de prata e ternura. Em honra da minha amiguinha princesinha!
Parabéns Maria. A Lua é toda tua! Todos os dias! E hoje ainda mais!
Beijinho muito grande

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Beijo Sentido

O beijo fugia
E depois voltava;
Alguém o recebia,
saboreava,
E depois renegava...
O beijo sofria!
O beijo chorava!
O beijo cansado
de tanto desamor
resolveu esperar
por um dia de calor,
para voltar a amar.
O beijo morria
por um Beijo, beijar.
E um dia o beijo
sentiu o desejo
de se fazer ao mar.
Navegou, navegou,
Voltou a navegar.
O beijo cansado
Salgado de mar
Encontrou outro Beijo
que o quis beijar.
Beijou, beijou,
beijaram-se tanto,
que o Beijo colou
E colado à pele,
Para sempre,
O Beijo ficou!

Adelaide Coelho

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Abracinho

Um abraço...
Apertado,
Prolongado,
Cúmplice,
Amigo!
Um abraço...
Carinhoso,
Bondoso,
Doce como mel!
Um abraço
Como o teu.
Cola-se à pele!

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Perdoa-me Sebastião

Este blogue foi criado há um ano... e um dia! E eu esqueci-me do aniversário. Do primeiro! O primeiro aninho! Foi ontem. Sem bolinho de parabéns, sem velinha para apagar. (Quase) imperdoável.
Criei este espaço pela vontade de partilhar/escrever/sentir. Sonhos, afectos, sonhos, afectos. E tudo o resto que de bom a vida tem. Dei-lhe o nome do meu poema preferido, também em honra do vate inspirado na serra mãe, que também me viu nascer. E o poema está bem à vista. Saúda quem espreita, mesmo que timidamente. Basta levantar um pouquinho, o olhar.
Que o poeta e o poema me perdoem. Espero. Peço. Imploro.
Afinal, o sonho nasce e renasce todos os dias. Festeja-se todos os dias. O sonho é que vale pena. O sonho e os amigos que ajudam a acreditar. O blogue é apenas um ponto de encontro.
P'lo sonho é que vamos.
Parabéns para todos os que acreditam no sonho. Todos os dias.
P´lo Sonho é Que Vamos.
Obrigada Sebastião, pelo poema. Obrigada Amigos. Pela partilha do sonho.
Até já.


N.B. Se quiserem recordar o bebé no dia do "nascimento", é só clicar: http://pelosonhoehquevamos.blogspot.com/2007/06/aviso-navega.html

sábado, 7 de junho de 2008

Parabéns Mana


Uma bebé muito linda que foi ficando cada vez mais bonita. Tornou-se um ser humano lindíssimo, generoso, solidário. É a minha Mana. E, hoje faz 35 aninhos. Está crescidinha, a miúda e cada vez mais bonita.
Parabéns Mana
Beijo grande
Adoro-te

terça-feira, 3 de junho de 2008

Estados d'Alma

Apetece-me o abraço,
a ternura, a cumplicidade.
Apetece-me, cada vez mais, a vida.
Apetece-me o mundo e os afectos
Apetece-me a tranquilidade
Apetece-me o Sol
E o verde dos teus olhos
Apetece-me o mar
Apetece-me o céu
Apetece-me o azul
Apetece-me ser feliz.
Apetece-me querer-te bem.
Meu amor!

domingo, 1 de junho de 2008

terça-feira, 27 de maio de 2008

Bem vinda Sara

Pouco passava da 1h quando o meu coração se derreteu de ternura e os olhos se entornaram de emoção. Uma mensagem do João dava conta do nascimento da pequena Sara, com - imagine-se - 3,600kg. Abriram-se as comportas da emoção para deixarem correr o rio de ternura acabado de nascer. É tão fácil imaginar os sorrisos de felicidade da Dafne e do João. E os olhos da Dafne, tenho a certeza, parecem ainda mais dois pedaços de céu.
Imagino também a dona Luisa delirante com a nova netinha e a pequena Leonor encantada com a mana.
A felicidade fica-lhes tão bem. Parabéns.
Beijos grandes

Adelaidocas

terça-feira, 20 de maio de 2008

Parabéns Beatriz

Há dias assim. Lindos. Que ficam mais bonitos quando servem de berço à vida. Ficam na memória; os dias lindos e os protagonistas! Porque sim.
E todos os anos, revive-se a magia do momento e celebra-se o milagre da vida.
O tempo voa. Já passaram três anos! Beatriz, aposto que já estás do tamanho da mãe.
Beijo grande princesinha. Que bons ventinhos te abracem. Sempre.
Beijinhos também à mãe Rita, ao pai Nuno e à mana Kika.

(tia) Adelaidocas

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Em Maio há cerejas

São como as palavras e o contrário também. Gosto de saborear as cerejas e as palavras também. Doces como as cerejas. Doces as palavras, que escrevo para ti, enquanto saboreio as cerejas.

Fruta da época


Amoras, negras, saborosas, tão doces. Apetece comer como se não houvesse amanhã.
Gosto tanto de amoras. E tu também.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

A hora do beijo

Oitenta e seis mil e quatrocentos segundos
x
sete dias por semana
x
sempre, para além do infinito,
das estrelas,
de todos os outros mundos.
Todas as horas são boas para dizer meu amor.
Fazer sorrir.
Aconchegar o coração com palavras e mimos.
Aquecer a alma com beijos.
Sabes tu, meu amor, que horas são?

As palavras de Ochoa

Redescobri há poucos dias um livro do poeta Ochoa, edição de autor, numa das minhas estantes. Abri, folheei, deixei-me levar ao sabor da poesia e das palavras que o poeta tão bem sabe escrever. Na primeira página desse livro, a assinatura inconfundível de Ochoa e uma dedicatória do professor, à ex-aluna. Passaram-se tantos anos.... E as memórias das aulas do professor Ochoa estão ainda tão vivas.
O cabelo negro, um pouco comprido, rebelde - à imagem do poeta - a emoldurar o rosto moreno, simpático, o olhar penetrante como se quisesse ler a alma, o tom de voz que prendia a atenção, tom baixo, como que para embalar. E o eterno sorriso. Sempre.
As memórias - de quase trinta anos - aguçaram-me a curiosidade. Encontrei na internet uma foto mais recente do professor/poeta. Com o mesmo sorriso. Eterno. Bondoso. E partilhei neste blog as palavras do poeta (ver post anterior).
É tão bom reencontrar alguém que gosta tanto de palavras. É tão bom reacender as memórias.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Poética Própria

Gosto que as palavras digam as coisas,

frescas, redondas, simples,

tais quais são.

Coisas a estudar sempre:

Coisas aí mesmo, à mente.

Digam as coisas,

fáceis, difíceis, certas, cheias, mesmas, elas, sensíveis,

tal qualmente.

As devidas palavras, digam, próprias, as coisas:

As sonhadas palavras.

Angelo Ochoa
http://angelooochoa.no.sapo.pt/

sábado, 26 de abril de 2008

Fala da mulher nascida

"Venho da terra assombrada
do ventre de minha mãe..."
António Gedeão
Existem datas e pessoas que valem a pena celebrar. Por serem uma referência de vida, uma fonte de inspiração. Por semearem solidariedade, pela autenticidade, pela capacidade de lutar pelas causas mais nobres, e por muitas outras coisas boas. Odete Santos é assim e faz anos hoje.
Parabéns Odete. Um beijo grande
Adelaide
N.B. E obrigada por me ter ajudado a compreender povo e liberdade (http://pelosonhoehquevamos.blogspot.com/2007/06/fora-das-palavras.html

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Tudo a mil

Uma imagem vale mil palavras.
Um beijo também.
A amizade vale mil imagens.
E mil beijos também.
No teu coração :)))

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Rosa


Regaram a rosa para ficar mais bonita,
E a rosa alindou.
Disseram à rosa que ela era linda,
E a rosa corou.
Beijaram a rosa com muita ternurinha,
E a rosa chorou.
Disseram à rosa que as rosas não choram,
E a rosa parou.
Escreveram à rosa um poema de amor,
A rosa amou!

terça-feira, 15 de abril de 2008

Sesimbrices

Calha bem...
Um: Ah home! A aiola virou-se e o teu pai ficou debaixo dela?
Outro: Calha bem! A aiola virou-se e ficou por baixo dele!
(...)
Espanto
Ah 'pariga. Qu'é isto atão? Um home' tão rico e morreu?
(...)
(Aiola virada)

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Verbo Ser

Vida, esperança,
bondade, harmonia,
Ternura,
Força,
Inspiração.
Tu és!
E és também
coração,
Alma grande,
natureza, autenticidade.
Somos sonho,
somos...
somos rio, mar, oceano.
Somos gaivotas
à descoberta do céu
Golfinhos que brincam no rio.
Somos palavras,
poesias,
abraços,
cumplicidade, confiança.
Somos...
Somos amizade!

terça-feira, 8 de abril de 2008

Amizade

D.R.

Uma flor na minha mão. Para ti.
E a minha mão também.
Um beijo

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Chuva

As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir
Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir
São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder
Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer
A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera
Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera
A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade

(Jorge Fernando)

quinta-feira, 3 de abril de 2008

(Outra) Carochinha


Limpou a casa, lavou a alma. Nada mais encontrou que lixo e teias de aranha. Tomou um banho e pôs-se à janela. Fumou um cigarro... e outro... e mais outro...
Passou um burro que lhe zurrou uma canção de amor. Quando o burro deu um coice e fugiu, fechou a janela.
... Voltou a limpar a casa e a lavar a alma. Tinham menos lixo e teias de aranha. Tomou um banho e foi ver o sol. Abriu a janela. Fumou um cigarro. Ficou à espera...
Passou um cão. Ladrou-lhe algo que lhe disse ser um poema de amor. O cão mordeu-lhe! Fechou a janela.
... Tarefas domésticas terminadas, tomou um banho e espreitou pela janela. Julgou ter ouvido ronronar uma promessa de amor. Pensou: "É desta!". O gato arranhou-a! Fechou definitivamente a janela.
... Fartou-se de ter a janela fechada. Abriu-a, depois de ter limpo o coração e lavado a alma. Tomou um banho e foi prá janela. Fumou um cigarro e ficou à espera. Fumou mais um cigarro e outro... e muitos. O sol foi-se embora e ela foi fazer o jantar. Deixou a janela aberta...

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Poemas e beijos



Apetecia-me um poema. Apeteciam-me as palavras que deleitam, que até apetece comer. E fui em busca desse poema. Encontrei "Os versos que te fiz" (ver post anterior) de Florbela Espanca e senti-me quase saciada da fome de palavras. O poema é lindo. Imagino a poetisa atormentada a escrever, a sofrer e a criar, agradeço-lhe a partilha do talento e da sensibilidade e apeteceu-me escrever.
Apeteceu-me, porque não choro os beijos que não dei. Tenho-os todos comigo. E vou dá-los no tempo certo. E enquanto esse dia não chega meu amor, os beijos que tenho para ti, dou-te em forma de palavras. Porque todos os beijos também são palavras. E com palavras em forma de beijos, beijo - meu amor - os teus olhos que me vêm tão bonita, o teu coração acolhedor, a tua alma que me tranquiliza e as tuas mãos seguras. Fazes-me bem. Muito bem. Também te beijo por isso. Todos os dias da minha vida.
N.B. Foto (Farol do Cabo Espichel) alojada em http://www.flickr.com/

Os Versos que te Fiz

Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer!
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.
Tem dolencia de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer!
Mas, meu Amor, eu não te digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz!
Amo-te tanto! E nunca te beijei...
E nesse beijo,
Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz

Florbela Espanca

segunda-feira, 31 de março de 2008

Nova Era

"... É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol..."
Tom Jobim in "Águas de Março"
Espalho no mar as cinzas dos desamores. Lavo a alma de todas as decepções. Deixo o passado no sítio onde deve ficar. Lá atrás. Deixo o passado e também quem dele fez parte e não cabe no meu presente. Deixo também Março partir. Sinto que amanhã - como diz o poeta - é o primeiro dia do resto da minha vida.
Cortei todas as amarras que me prendiam. Sou livre. Como aquela gaivota que voa em direcção ao sol. Vou tocar as estrelas. Comer um pedaço da lua. Banhar-me no azul do céu. E sorrir. Sorrir muito.
Hoje acordei com vontade de lavar a alma. Hoje decidi que tudo muda, se eu quiser. E eu quero. E se eu quero, tudo muda. Abro os braços à mudança, o coração e a mente também. Estou pronta!
Elevo o meu ser para além das montanhas mais altas. Elevo também o meu amor por ti. Esse amor tão salvador. Esse amor. Este amor. Meu amor...
Meu amor, beijo-te a alma, o coração e as tuas mãos também.
Até já

segunda-feira, 24 de março de 2008

Rimas (im)possíveis

Poema rima contigo
Ternura com bondade,
Beijo com afecto,
Abraços rimam com tudo,
E tudo rima contigo
Neste poema de rima livre.
Olhos rimam com espelho
Espelho d’alma
Alma grande
Grande, o teu coração
Que eu beijo neste poema
E as tuas mãos também.
Eu sei, meu amor,
A ternura não se agradece,
E eu não sei escrever poesia
Perdoas-me, de certeza!
Gosto tanto de ti.
Um beijo

quarta-feira, 19 de março de 2008

Alecrim, alecrim dourado...


"... que nasce no monte
sem ser semeado
ai meu amor
quem te disse a ti
que a flor do monte
era o alecrim"
(Popular)

Olhar de menino, coração de leão. Se o Sporting perder é dia de "resina" e mau feitio. Há desculpa para a barba que não foi desfeita. Se o Sporting ganhar, a barba fica com antes (naturalmente por falta de tempo) e o sorriso é mais aberto. Mas mesmo quando há "resina", basta pedir com jeitinho e também há sorrisos, beijinhos e abraços. Abraços perfumados com ternura, embrulhados em bondade e disponibilidade. São assim os abraços do Hélder. Ainda me lembro do último, ainda o sinto, um ano depois.
Um destes dias vou renovar esse abraço. Tenho saudades. Sinto a falta dos abraços, da amizade, do olhar de menino e da voz forte a chamar-me "Lailai". Sinto a falta do antigo companheiro de trabalho, do amigo, do homem forte e sensível. Sempre pronto para a luta e sempre tão corajoso. Como todos os homens de bem. Que choram e lutam. E mesmo quando choram, não se esquecem que é preciso continuar a lutar.
A generosidade do Hélder faz dele um cavaleiro vencedor das causas justas. Quando nos reencontrarmos, acredito que me vou emocionar. Vou chorar, pronto! Só um bocadinho. Para lavar os olhos e poder ver melhor o meu amigo. E levo um ramo de alecrim. Na mochila, às costas, para ter os braços livres. Para te poder abraçar melhor. Força Amigo.
Um beijo
Lailai

quinta-feira, 13 de março de 2008

Romantismo

O francês é por excelência a língua do amor. É uma língua quente, ardente, com uma sonoridade peculiar que lhe confere um romantismo pouco comum. As palavras soam a mel, lembram momentos, celebram paixões.
Todas as palavras de amor são mais de amor quando ditas em francês. São mais autênticas. E as juras de amor têm o sabor da eternidade. Je t'aime, mon amour, despertam mais os sentidos, convidam à entrega, à celebração, à descoberta. E todas as palavras relacionadas com o amor, tocam na perfeição o botão de todos os sentidos. Amar, sonhar, ver as estrelas, olhar o mar, lembranças, fazem parte do universo mágico das palavras das almas enamoradas. Aimer, rever, voir les etoiles, regarder la mer, souvenirs são convites irrecusáveis ao romantismo. Como as canções de Aznavour e Piaf para ouvir, baixinho, num jantar à luz das velas. Num terraço com vista para o mar, sob um céu de estrelas.
En ecoutant la mer, les paroles, les paroles d'amour, les paroles et la chanson; moi et lui et sur la table une rose, rouge, comme le vin, le miroir de la passion. Et, après dinner, ecouter les paroles magiques: je t'aime!

quarta-feira, 12 de março de 2008

Espiral

Um cigarro fumado à pressa, como se não houvesse amanhã. Como se matasse a fome, a sede, a solidão e a tristeza. E depois outro cigarro. Fumado ainda mais depressa. Como se a vida dependesse desse fumo. E mais outro. E outro. E outro. E muitos.
Nuvens de fumo. No cérebro também. Ideias envoltas em nada como as mãos nuas, cheias de nada. E cheias de medo do vazio.
Olhos semicerrados à procura. Na noite. Por entre o fumo. Não se vê nada! Não há nada!
Ainda há cigarros. E vai haver mais fumo. Anéis de fumo que se elevam num apelo às estrelas. Alguém precisa de companhia. Os cigarros não gostam de estar sozinhos!

quarta-feira, 5 de março de 2008

O beijo do sol

Naquele dia acordou com zangada com o mundo. Com vontade de bater em alguém. De arrasar com palavras quem lhe aparecesse. Resmungou com as paredes, insultou as portas, praguejou no chuveiro. Comeu qualquer coisa e gritou com a televisão. Ouviu o apito longínquo do comboio e sugeriu-lhe um destino pouco convencional. Abriu as janelas e fumou o primeiro cigarro, como se fosse o último.
Olhou para para o sol como se fosse a primeira vez e derreteu-se num sorriso imenso. E deleitou-se com o que restava daquele cigarro. O sol piscou-lhe o olho, cúmplice, a lembrar que estava sempre ali. Incondicional. Mesmo nos dias de chuva. O sol era fiel e tinha forma de gente. O sol dava-lhe abraços e mimos. Sem palavras, falava-lhe de amor, de afectos, de ternura, de esperança.
Beijou o sol, de mansinho, à distância. Acendeu outro cigarro, devagar. Sentiu o beijo do sol. E sentiu a alma lavada. Deixou-se ficar, à mercê dos beijos do sol e dos abraços do vento.
Quando sol se foi embora, sentou-se frente ao computador e escreveu. Inspirada, escreveu, escreveu, escreveu... e depois mandou tudo num e-mail. Para o Sol. Com muitos beijos.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Flores e Poemas


Para um valente. Para um homem muito generoso.
Para o meu amigo Helder Pires


Somos filhos da madrugada
Pelas praias do mar nos vamos
À procura de quem nos traga
Verde oliva de flôr no ramo
Navegamos de vaga em vaga
Não soubemos de dor nem mágoa
Pelas praias do mar nos vamos
À procura da manhã clara

Lá do cimo duma montanha
Acendemos uma fogueira
Para não se apagar a chama
Que dá vida na noita inteira
Mensageira pomba chamada
Companheira da madrugada
Quando a noite vier que venha
Lá do cimo duma montanha

Onde o vento cortou amarras
Largaremos pela noite fora
Onde há sempre uma boa estrela
Noite e dia ao romper da aurora
Vira a proa minha galera
Que a vitória já não espera
Fresca brisa, moira encantada
Vira a proa da minha barca

José Afonso In "Canto Moço"

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Flor de sol



Hoje acordei com mau feitio. Acordei zangada com o mundo. E quando abri a janela, o sol resolveu brincar às escondidas. Assim, eu não brinco. Quando estou zangada comigo e com o mundo, não brinco. Quando estou zangada, fico com rugas na testa, quais sulcos das minhas mágoas. Quando estou zangada, fico triste e só me apetece fazer birra.
E também me apetece abraçar-te. E estás tão longe. Acho que é por isso que estou com mau feitio. Porque me apetece o teu abraço, por querer tanto deixar-me embalar pelos teus mimos. Os teus mimos, meu amor, são como o sol. Fazem-me sorrir. Aquecem-me o coração e lavam-me a alma. Dão brilho aos meus olhos. Os teus mimos são da cor do sol dourado de muita ternura.
Os teus mimos bordam a minha vida de esperança, de afecto, de sabores e cheiros de felicidade. Deixo-te uma flor, da cor do sol. E um beijo.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

(O que) Faz falta

02/08/1929 - 23/02/1987
À memória do último trovador

"Quando a corja topa da janela

O que faz falta

Quando o pão que comes sabe a merda

O que faz falta

O que faz falta é avisar a malta... "

José Afonso in "O que faz falta"

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Deixem a noite sonhar

A noite vestiu-se de estrelas. Tinha um encontro marcado. Com o Amor. E deixou-se levar pela magia. Dançou ao luar, embalada pelas baladas do vento. Brincou com as nuvens e comeu pétalas de rosa. Bebeu vinho tinto, por ser a cor da paixão, comeu todos os manjares que a ternura lhe oferecia...
A noite envolveu a terra de mansinho e abraçou todos os namorados. E abraçou o Amor. Um abraço intenso, envolvente, como se fosse para sempre! Saboreou os beijos de Amor e aos poucos foi-se despindo de estrelas. Estava só, com o Amor. E aquele era o momento...
- Oh noooooite, acoooooorda! - gritou o sol - Tenho que ir dormir, já é tarde. Muito tarde!
A noite esfregou os olhos, vestiu-se negro e foi à procura do vestido de estrelas, da dança da lua, das pétalas de rosa e do vinho tinto que tinha sobrado do sonho. E cumpriu mais uma estrofe do fado errante, à procura do Amor.
A noite não gosta desse fado. Eu também não.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Como se fosse diamante

A amizade é um estado de graça e de bem - querer. É “coisa” de coração e de pele. De coração, por tocar a corda certa do violino dos afectos, de pele porque se pode sentir. Em nome da amizade pintam-se sorrisos, semeia-se a esperança, constroem-se palácios de afectos para receber e aconchegar os amigos. Na amizade, um sorriso é um diamante de muita ternura, e o afecto um presente do céu.
A amizade torna-nos seres humanos mais bonitos e sentirmo-nos pessoas lindas. Amizade é gostar, gostar muito e estar sempre disponível para gostar, mimar, abraçar, sorrir. Para mim, a amizade é um outro amor, amor maior, amor mais alto, que dou sem pensar no que vem a seguir porque – simplesmente - gosto de dar. E gosto de ti. É por isso que te chamo meu amor!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Estados de Alma

Penso em ti com tamanha ternura
como se fosses vidro ou película de loiça
que apenas com o pensar te pudesses partir
(António Gedeão in "A um ti que eu inventei")
O sol escondeu-se e o céu acordou a chorar. O dia nasceu e cresceu cinzento e já sei que esta
noite a Lua não vai sorrir para mim. Há dias assim... em que a alma fica espartilhada pelas saudades e as saudades são como beijos de papel. Não resistem à chuva...
Hoje apetece-me tanto o sol e o céu azul que vão ficar para amanhã. Hoje apetece-me imenso o sorriso da lua e o brilho das estrelas que me fazem lembrar os teus olhos. Hoje apetece-me quase tudo o que não posso ter hoje. E fico assim. Da cor do tempo. Cinzento. E cinzento não é cor de nada que me faça sorrir. Cinzento lembra a vida a fugir, como se fosse areia a escorrer pelos dedos.
Em dias assim, só há uma coisa a fazer. Escrever. Escrever-te. Como faço nos outros dias também. E mimar-te. Ainda mais! Contar-te o que vai dentro de mim e mimar-te com as palavras que te escrevo. Como se cada palavra fosse um beijo, cada virgula um abraço. E já estou bem melhor, agora. Penso em ti e começo a sorrir, escrevo-te e volto a sorrir. E comovo-me também. E agradeço ao céu - que ainda está com a birra - ter-te na minha vida. Todos os dias. Incondicionalmente. Mesmo quando sol se esconde.

A um ti que eu inventei

Pensar em ti é coisa delicada.
É um diluir de tinta espessa e farta
e o passá-la em finíssima aguada
com um pincel de marta.

Um pesar grãos de nada em mínima balança,
um armar de arames cauteloso e atento,
um proteger a chama contra o vento,
pentear cabelinhos de criança.

Um desembaraçar de linhas de costura,
um correr sobre lã que ninguém saiba e oiça,
um planar de gaivota como um lábio a sorrir.

Penso em ti com tamanha ternura
como se fosses vidro ou película de loiça
que apenas com o pensar te pudesses partir.

António Gedeão

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Aos amores


Uma rosa para mim. Porque adoro rosas. Rosas de todas as cores. As rosas lembram-me a vida e também gosto da vida. As rosas lembram-me o amor e gosto muito do amor. Os amores podem ser o que nós quisermos. Amores maiores, amores mais altos, amores de muito Amor. O amor é o principal motor da vida. Sentir amor, todos os amores, é um estágio especial da vida. Amar e ser amado é inerente ao ser humano. É preciso amar e ser amado para ser feliz!
Viver sem amor é estar hibernado na vida. É semi-viver. É não viver. É preciso amar. É urgente amar. É urgente que venha o amor. Amor que nos põe os olhinhos mais brilhantes, que faz o coração bater mais depressa e incendeia a alma. Amor que desassossega os sentidos e faz voar nas asas do sonho que ficou maior. Viva quem ama e sabe amar. Viva quem ama e é amado. E viva eu que não sei - e não quero - viver sem amor.
Hoje ofereci-me uma rosa. Porque as rosas falam de amor. E eu gosto de ouvir falar de amor. E gosto de acreditar que algures existe uma praia deserta e um pôr do sol incandescente, vermelho de amor e paixão, à minha espera... Uma praia (quase) deserta onde possa ouvir o mar embalar a terra com canções de amor, enquanto o amor me embala também. E na areia, uma rosa, muda testemunha desse amor.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Um amor assim

Hoje, o sol foi-se embora mais cedo. Deixou um abraço intenso de vermelho, intenso de fogo, intenso de fogo e vermelho de paixão. Paixão pela lua, que está do outro lado do mundo. E a lua retribui. À noite envia-lhe beijos e sorrisos e mostra-lhe as estrelas que são filhas dos dois.
O sol e a lua amam-se desde o dia da Criação. Olharam-se e sentiram-se tocados por um grande amor que sabiam (quase) impossível e eterno. E por amor, decidiram ficar juntos, em lados opostos no mundo. Por amor!
Amanhã, o sol e a lua vão encontrar-se e vai nascer mais uma estrela no céu.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Conversas com a lua

A lua parecia um sorriso de prata pendurado na noite. Um imenso sorriso perfeito, autêntico, espontâneo e lindo. O sorriso da lua lembrou-me alguém. Alguém que sorri como a lua. A lua era o espelho desse sorriso. E cúmplice, a lua piscou-me o olho. Já sabia quem estava ali. "Gostaste da surpresa?", perguntou a Lua. "Adorei!", respondi. E o resto da conversa fica entre nós. Longa conversa a rasgar a noite. E a lua sempre a sorrir.
Saboreavamos as palavras como se fossem cerejas. Até que a lua disse que ia fazer ó-ó. Pedi à lua que ficasse só mais um pouco. Ela riu-se: "Ah ah ah.! Sabes que não posso. Tenho um encontro marcado com o mundo, do outro lado do rio. Dorme bem. Beijinhos, até amanhã!"
Adormeci embalada pelo canto angélico das estrelas, que a lua deixou ficar. Para mim. Ontem à noite a lua sorriu. Para mim. Sei que esta noite a lua vai voltar... Para mim!
Até já!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Oh Rosa arredonda a saia

Esta história tem quase vinte anos.
Do tempo em a Lambada reinava nas discotecas ,
a malta tinha pouco juízo e muita vontade de rir.
Depois de uma maratona eleitoral, a malta ruma à discoteca, para descomprimir. Num carro super superlotado. Rasgámos a noite, por entre as caravanas da vitória. E fomos dar todos ao mesmo sítio. Bebidas, whishy, pois claro. Duas senhoras casadas optaram por sumo de laranja, embora não tivessem que conduzir. Bebeu-se o primeiro gole e ala para a pista. De vez em quando fazíamos uma visita à mesa, para fumar um cigarro e molhar a garganta. Os copos de sumo estavam quase cheios e os de whishy quase vazios. Veio a segunda rodada, servida generosamente ao sabor da vitória. Decidimos partilhar com os copos de sumo.
A "ala sumo de laranja" tinha dançado tanto, estava tão sedenta que emborcou metade do que havia nos copos. Ouviram-se queixas; o sumo sabia mal. "É sumo natural. Nesta altura, as laranjas estão azedas", justifiquei. Acreditaram!
E voltamos todos para a pista. A música rasgava a noite, a dança secava a garganta. A "ala sumo de laranja" bebeu generosamente mais uns tragos. E quando começou a "Lambada", ficámos todos pasmados... A "ala sumo de laranja", no meio da pista, fazia lembrar os bailes da aldeia, onde as mulheres dançam umas com as outras. Pois, elas dançavam juntas. E uma delas dizia: "Vê lá se aprendes a dançar. É assim!". E enquanto ensinava, cantava "Oh Rosa arredonda a saia...". E a "Lambada" ali tão perto.
A noite acabou a cafés sem açúcar, para as duas que não paravam de resmungar que tinham dores de cabeça e que os sumos da discoteca eram muito, muito azedos.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Mergulhos

Apetece-me ver o mar, mergulhar os olhos no imenso azul e um banho de alma nas ondas desfeitas. Apetece-me entornar a taça da saudade, beber um copo cheio de ternura e comer uma travessa cheia de beijos que me saibam a búzios. E a mar também.
Apetece-me o grito longínquo das gaivotas, o riso dos golfinhos e uma canção de embalar. Também me apetecem as trovas de Adriano e uma balada do Zeca, um poema de Sebastião da Gama e um outro de Gedeão.
Apetece-me um mergulho nos olhos verdes da amizade, um abraço apertado que me faça sentir o lado doce da vida e apetece-me mandar-te um beijinho. Cá vai!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Beicinho


Eu: Assim não vale! Vocês compraram-me uma bóia pequenina. Não perceberam que esta bóia não me serve?
(Bla,bla,bla,bla, bla,bla)
Eu: Ah, não é uma bóia. É para brincar. Como é que se brinca?
(Bla, bla, bla, bla, bla)
Eu: E atirar coisas ao ar, é brincar? E se acerto num passarinho? E se isto me cai em cima? Depois faz dói-dói.
(Bla, bla, bla, bla, bla, bla)
Eu: Ah, pois é. Vocês os "grandes" têm sempre resposta para tudo. Agora os passarinhos não voam baixinho. Se eles quiserem, eles voam! Os passarinhos são livres e podem voar para onde eles quiserem e à altura que eles quiserem! Prontos!

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Memórias... de azul!

Esta tarde, durante as compras numa grande superfície, ouvi uma música que me fez lembrar os meus tempos na rádio. A audição de "A Primeira Vez", dos Delfins, despertou-me as memórias adormecidas da Rádio Azul onde "vivi" durante doze anos. Senti uma coisa estranha... as memórias moveram-se, repentinamente, cá dentro.
Não gosto de sentir saudades. As saudades fazem doer. As saudades são como beijos de papel e abraços de areia. Não resistem à chuva. E também não gosto de chuva. Gosto de beijos de afecto e abraços de ternura. Que se colam à pele, em todas as estações do ano. E gosto de sol.
Da Rádio Azul separa-me uma década, como se fosse um rio. Que me leva para mais longe. Para o mar. E depois, para porto seguro.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Vertigem

Acabo de te ver, de fugida e ao longe! Apeteceu-me abraçar-te. Mas estás longe. E tão perto no meu coração. Vou abraçar-te com palavras. Vou escrever-te, agora.
Sabes, às vezes comovo-me, quando escrevo. E sinto o coração bater mais forte como se fizesse nascer as palavras que escrevo. E os meus dedos martelam o teclado vertiginosamente para evitar que as palavras fujam. E, enquanto escrevo sinto que o meu coração se enche de ternura.
E comovo-me e enterneço-me sempre que escrevo para ti.

Como se fosse primo

O Carlinhos faz anos hoje. Muitos! Tantos como os que eu tenho. E ele não gosta nada de dizer quantos anos tem. Azar. São 45! E também temos o mesmo apelido. Com a mesma boa vontade com que revelei a idade do Carlinhos, escrevo estas linhas, só para ele. Porque merece. Porque é (quase) da família, por ser um querido, porque lhe chamo amigo e às vezes outras coisas que... só chamo aos homens de quem gosto.
E eu gosto muito do Carlinhos, mesmo quando ele é um chato e se torna quase peganhento como os caramelos. E também é doce. Como os rebuçados! E dá uns abraços apertados, que me fazem sentir o lado bom da vida. E é sensível, ou melhor, é um chorão. Comove-se facilmente e abre as comportas da sensibilidade. Aposto que vai chorar muito quando ler estas linhas.
Pois é! Eu gosto mesmo muito do Carlinhos, já toda a gente percebeu. E tenho saudades dele. Saudades da cumplicidade, da piscadela de olho e de o ver comer alarvemente, como se não houvesse amanhã. E também tenho saudades de o ouvir falar das filhas, com aquele brilhozinho nos olhos. E de o ouvir falar da Isabel, a quem chama "a minha senhora".
Agora vou oferecer estas linhas ao Carlinhos e preparar-me psicologicamente para a reacção dele. Vai chorar e chamar-me "croma".
E, meu querido amigo, eu também gosto muito de ti.
Um beijo
Adelaide

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Poemas de muito afecto

O sol está meio escondido atrás daquele prédio. Pisca-me o olho, lembro-me de ti. Sorrio. Fico à espera de te voltar a ver. Tu e o sol. Fumo um cigarro enquanto espero. Mais uma piscadela de olho e continuo à espera. O sol não vem e tu também não.
- Vem cá, sol. Vou escrever-te um poema…
Mas o sol não veio. Não podia. Tinha um encontro marcado com o mundo no outro lado do rua. E tu também.
Fumo mais um cigarro e escrevo um poema. Para ti e para o sol. Porque te adoro.
Envio-te o meu poema. Antes de dormir, recebo o teu. Escreveste “gosto de ti”. No meu coração!

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

A esperança tem olhos verdes

Acordei com vontade de te escrever. Fui à janela e vi o sol. Lembrei-me de ti. E sorri. Sorrio sempre que me lembro de ti. E lembro-me do teu sorriso. Combina bem com este céu azul e este sol dourado. Combina na perfeição com o mar. Gosto tanto do mar e... gosto tanto de ti.
Há coisas que nunca mudam. Como esta vontade de te escrever, mandar-te uma mão cheia de beijos, dizer-te (lembrar-te) que és muito importante para mim. Por me fazeres sorrir e acreditar.
Sabes, a esperança tem olhos verdes e eu gosto tanto de olhos verdes. E gosto de conversas olhos nos olhos. Os olhos são o espelho da alma e os teus reflectem bondade, nobreza, autenticidade.
Olha, vou mandar-te este post, agora. E uma mão cheia de beijos, grandes.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Pelo sonho...

Chegaste devagarinho, pela calada da noite. Silencioso e envolvente embalaste-me o sono. No teu abraço, deixei-me aconchegar. Nos teus beijos descobri os mais requintados e doces paladares da ternura. Mergulhei nos teus olhos para te conhecer melhor, entrei na tua alma para ouvir o bater do teu coração. Na lareira, o fogo consumia o resto da noite.
Dizias-me: "Pelo sonho é que vamos. Vamos correr atrás do sonho. Pelo sonho é que vamos". Sem saberes, falavas-me do meu poema preferido, quase roubavas ao poeta da Arrábida, as palavras que me sussurravas ao ouvido.
O fogo da noite extinguiu-se. O sol acordou preguiçoso e o teu coração mudou de rumo. De repente, percebi que nunca mais contaríamos juntos as estrelas. E se calhar, nunca mais vamos partilhar nem um mísero cigarro.
Corremos ambos atrás do sonho. Pelo sonho é que vamos. Em lados opostos do mundo, no lado errado da vida.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Todos os beijos

Salgados, com sabor a mar
às vezes misturados com lágrimas
Doces, como mel,
que se colam aos lábios
à pele
Rápidos, quando o tempo escasseia
e quando não queremos dizer adeus
Fugitivos, que se evadem dos lábios,
às vezes envergonhados
Demorados,
também doces, com os lábios colados
Barulhentos, lembram o canto dos passarinhos
Grandes, todos os beijos
dados com amor.

Horizonte

O mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o Longe,e o Sul sidério
'Splendia sobre sobre as naus da iniciação.
Linha severa da longínqua costa
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstracta linha.
O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp'rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte
Os beijos merecidos da Verdade.

Fernando Pessoa

sábado, 19 de janeiro de 2008

Sulcos da Sede

É apenas o começo.
Só depois dói, e se lhe dá nome.
Às vezes chamam-lhe paixão.
Que pode acontecer da maneira mais simples:
umas gotas de chuva no cabelo.
Aproximas a mão,
os dedos desatam a arder inesperadamente,
recuas de medo.
Aqueles cabelos,
as suas gotas de água são o começo,
apenas o começo.
Antes do fim terás de pegar no fogo
e fazeres do inverno
a mais ardente das estações.


Eugénio de Andrade, Sulcos da Sede

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Pschiu!!!

O silêncio faz muito barulho.
A solidão faz muito, muito barulho.
As saudades fazem demasiado barulho.
Preciso de ouvir
o bater do meu coração
os meus passos pela casa
os meus pensamentos
e tudo faz muito barulho!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Segredo

A poesia é incomunicável.
Fique torto no seu canto.
Não ame.

Ouço dizer que há tiroteio
ao alcance do nosso corpo.
É a revolução? o amor?
Não diga nada.

Tudo é possível, só eu impossível.
O mar transborda de peixes.
Há homens que andam no mar
como se andassem na rua.
Não conte.

Suponha que um anjo de fogo
varresse a face da terra
e os homens sacrificados
pedissem perdão.
Não peça.

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Uma questão de credibilidade

O primeiro ministro, José Sócrates, anunciou hoje a construção do novo aeroporto em Alcochete, com base num estudo do LNEC. Isto acontece oito meses depois do ministro das Obras Públicas, Mário Lino, ter afastado essa hipótese com o pretexto de que a Margem Sul é um deserto.
De repente, o deserto transforma-se em oásis, ganha um novo aeroporto e um nova ponte... E o mesmo ministro dá agora o dito por não dito.
Se calhar este ministro não sabe o que diz. Se calhar este governo não sabe o que faz. Se calhar o deserto afinal não tinha dimensões para um rally Lisboa - Alcochete, à falta do Dakar. Se calhar faltaram camelos... de facto, na margem sul não existem. É fácil adivinhar onde estão!
E vão todos para Canha, que por acaso até é freguesia do concelho do Montijo, enaltecer as qualidades da localização do novo aeroporto.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Regressos

São renovações,
poemas de esperança
reencontros de bem querer.
Poder tocar as estrelas
voar nas asas do vento
Brincar nas nuvens
e beijar o sol.
E beijar-te!
Até amanhã

Auto retrato

Espáduas brancas palpitantes:
asas no exílio dum corpo.
Os braços calhas cintilantes
para o comboio da alma.
E os olhos emigrantesno navio da pálpebra
encalhado em renúncia ou cobardia.
Por vezes fêmea. Por vezes monja.
Conforme a noite. Conforme o dia.
Molusco. Esponja
embebida num filtro de magia.
Aranha de ouro
presa na teia dos seus ardis.
E aos pés um coração de louça
quebrado em jogos infantis.

Natália Correia