sexta-feira, 18 de julho de 2008

La Rose

O orvalho da noite conferia ao botão de rosa um toque de frescura e também de abandono. Era a rosa mais bonita do jardim. E a mais sensível. A mais autêntica.
Aos primeiros raios de sol, a rosa continuava coberta de gotículas e linda. De uma beleza (quase) divina. E as gotas pareciam pétalas de rosa. E às vezes, lágrimas. E sempre pedaços de prata e bondade.
A beleza da rosa atraiu um botãozinho, que a mirava enternecido. As pétalas de ambos tomavam a forma de corações sempre que se olhavam e na terra molhada, as raízes de ambos tocavam-se com ternura. Entrelaçavam-se de amor.
No jardim, as outras flores, corroídas pela inveja, tentaram arrastá-la para a lama. Desfazer-lhe o porte e as pétalas com maledicência.
Naquela manhã, o sol acordou mal disposto. E pior ficou quando sentiu a maldade das outras flores. Porquê? – Perguntou-lhes o sol. Porque sim – responderam maldosamente. No meio de gargalhadas diabólicas, continuaram a tentar secar-lhe a terra, tapando-lhe a luz do sol.
O sol avisou a inveja para parar. A inveja não parou. O sol voltou a avisar. A inveja aumentou. O sol enfureceu-se. Abriu os braços e envolveu a inveja numa abrasadora onda de calor. As outras flores começaram a secar. A perder a beleza. A perder as pétalas… que foram caindo por terra. Arrastadas para longe, pelo vento. Nesse espaço do jardim, nasceram árvores frondosas e flores bonitas.
As raízes da rosa e do botão fundiram-se num só. Partilhavam o mesmo caule. A mesma vida. Como deve ser, quando o amor acontece.
L’important, c’est la rose… C’est (a) toi!

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