Aos onze anos, finalmente, percebi o conteúdo de um discurso político. As palavras povo e liberdade, ditas por Odete Santos, eram tão simples, tão bonitas e entravam facilmente, também, no coração. Gostei tanto do que ouvi, que só uma imensa timidez me impediu de dar um abraço à oradora.
Por esses anos, em que Portugal saciava a fome de liberdade, em que os espectáculos de “Canto Livre” se multiplicavam nas colectividades e nas escolas, tive a oportunidade de ouvir varias vezes Odete Santos falar daqueles novos conceitos que tinham passado a fazer parte do nosso quotidiano. Conceitos e valores oferecidos pela jovem democracia, que Portugal saboreava no banquete da liberdade. Também por essa altura, ouvi Odete Santos dizer poesia e novamente fiquei rendida, também ao talento.
Anos mais tarde, tive oportunidade de a conhecer pessoalmente (aposto que nem sonha o quanto se tornou importante na formação da minha consciência política); a bondade e a simpatia da – até há bem pouco tempo – deputada, proporcionaram uma relação de admiração, respeito e também de amizade.
Trinta e poucos anos depois de ter ouvido aquela primeira intervenção politica que tanto me sensibilizou, a simplicidade e o registo pausado e emocionado de Odete Santos continuam a surpreender-me e a comover-me. As palavras ganham força, as palavras lavam a alma, as palavras são o pão da esperança; as palavras são doces, amargas, contundentes, apaixonadas, sonhadoras, são tudo o que esta – grande - mulher quiser.
"Pelo sonho é que vamos, Comovidos e mudos. Chegamos? Não chegamos? Haja ou não frutos, Pelo Sonho é que vamos. Basta a fé no que temos. Basta a esperança naquilo Que talvez não teremos. Basta que a alma demos, Com a mesma alegria, ao que é do dia-a-dia. Chegamos? Não chegamos? Partimos. Vamos. Somos" - Sebastião da Gama,in "Pelo Sonho é que Vamos"
terça-feira, 12 de junho de 2007
A força das palavras
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