
Dá um beijinho a esta senhora, que é muito amiga da avó!”. E pronto, lá começava a “via sacra”... Tantas amigas que a avó Adelaide Manso tinha; perdi a conta aos beijinhos que dei e recebi no percurso “casa da avó” - “Loja do sr. Pedro”, “casa da avó” – mercado, “casa da avó” – “qualquer ponto da vila de Sesimbra”. Às vezes, pensava - ingenuamente - que toda a gente tinha saído à rua, só para me obrigar a dar beijinhos...
A recompensa vinha com as idas à praia, os passeios pela marginal e pela praia com o avô Zézinho, os saborosos gelados da Luisa e do Manel Agostinho, as histórias que os pescadores contavam na “loja de companha”, os jantares em família, o sorriso de satisfação lá em casa quando os barcos "voltavam do mar", com o nível da água muito próximo da amurada, sinal promissor de faina próspera.
Desses tempos guardo ainda alguns búzios e conchinhas que encontrei perdidos na praia durante os passeios de fim de tarde com o avô Zézinho. Desses tempos guardo na memória a vista impagável da velhinha casa dos meus avós no Bairro Infante D. Henrique; dali via toda a baía de Sesimbra, o porto de abrigo e até parte da praia. Nessas alturas sentia que aquele mar também era um bocadinho meu e quando estava a adormecer, achava que as ondas me cantavam canções de embalar.
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