quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Oh Rosa arredonda a saia

Esta história tem quase vinte anos.
Do tempo em a Lambada reinava nas discotecas ,
a malta tinha pouco juízo e muita vontade de rir.
Depois de uma maratona eleitoral, a malta ruma à discoteca, para descomprimir. Num carro super superlotado. Rasgámos a noite, por entre as caravanas da vitória. E fomos dar todos ao mesmo sítio. Bebidas, whishy, pois claro. Duas senhoras casadas optaram por sumo de laranja, embora não tivessem que conduzir. Bebeu-se o primeiro gole e ala para a pista. De vez em quando fazíamos uma visita à mesa, para fumar um cigarro e molhar a garganta. Os copos de sumo estavam quase cheios e os de whishy quase vazios. Veio a segunda rodada, servida generosamente ao sabor da vitória. Decidimos partilhar com os copos de sumo.
A "ala sumo de laranja" tinha dançado tanto, estava tão sedenta que emborcou metade do que havia nos copos. Ouviram-se queixas; o sumo sabia mal. "É sumo natural. Nesta altura, as laranjas estão azedas", justifiquei. Acreditaram!
E voltamos todos para a pista. A música rasgava a noite, a dança secava a garganta. A "ala sumo de laranja" bebeu generosamente mais uns tragos. E quando começou a "Lambada", ficámos todos pasmados... A "ala sumo de laranja", no meio da pista, fazia lembrar os bailes da aldeia, onde as mulheres dançam umas com as outras. Pois, elas dançavam juntas. E uma delas dizia: "Vê lá se aprendes a dançar. É assim!". E enquanto ensinava, cantava "Oh Rosa arredonda a saia...". E a "Lambada" ali tão perto.
A noite acabou a cafés sem açúcar, para as duas que não paravam de resmungar que tinham dores de cabeça e que os sumos da discoteca eram muito, muito azedos.

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