sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Cigarras

O canto das cigarras penetra devagarinho na noite. Como um afago na alma. Complementado pela caricia da brisa. No meu rosto.
Desta vez não olhei para a lua. Nem busquei as estrelas.
Tenho a certeza que todas me sorriem.
Ouço suspiros mudos de nervosismo, ansiedade. Lembram-me os gemidos de dor e amor de uma mãe a parir. É um parto diferente. E este filho também.
Apetece-me levantar desta cadeira, e dar um abraço. Apetece-me dizer "estou aqui". Porque este silêncio é de ouro e a concentração vital, deixo que o barulho das teclas do meu computador falem por mim. Que digam estou aqui.
Apetece-me romper este silêncio. Romper. E não rasgar. Porque o rasgar faz barulho.
Apetece-me dar um abraço. Simplesmente porque sim. Porque há muito tempo só me apetecia receber. Hoje é diferente. Também eu estou diferente.
E ouço mais um suspiro. Baixinho. E mais outro. E mais outro. E não sei o que fazer. Apetece-me dar um abraço nesse suspiro. De muito talento.
E receio romper o silêncio.
Lá fora as cigarras continuam a cantar. E as formiguinhas continuam em grande laboração. Perto de mim há uma que trabalha muito. E suspira. Apetece-me tanto abraçar esta formiguinha enquanto ouço o cantar da cigarra.
Fico por aqui... E continuo sem saber o que vou fazer com esta vontade de te dar um abraço. De te beijar castamente, na testa. Como prova do grande respeito e afecto que tenho por ti.
Tenho a certeza que se agora me for deitar, vais dizer: "Bom sono. Fica com Deus".
E eu quero ficar - também - contigo!

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