terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Estados de mim

No astro sujo de tempestade, cruzam relâmpagos, raios e coriscos. A lua escondeu-se, o vento grita noite dentro, as nuvens também estão zangadas e prontas para abrir as comportas da ira.
No mar, as águas agitam-se, revoltam-se, elevam-se, enrolam-se, voltam a elevar-se... As águas agitadas lembram serpentes demoníacas, enlouquecidas numa dança satânica, prenúncio de morte.
No meu pequeno mundo, escuto a fúria da natureza. Escuto e respeito. No meu mundo, o medo não cabe. Nem a raiva. Aqui só entram a tranquilidade, a paz, os afectos. E todas as palavras de amor.
Lá fora o vento ruge, irado com a chuva que ensopa a noite mas não a raiva. Lá fora, as águas do mar elevam-se e revoltam-se, prepararam-se para atacar quem não as respeita. No mar, as ondas são serpentes prestes a dar o abraço mortal.
No meu cantinho, aquecida pela lareira dos afectos, sinto-me segura, como no colo da minha mãe. Saboreio o meu vinho enquanto revejo o melhor do filme da minha vida. A luz das velas ateia a vontade de sonhar. Aproveito para abraçar também com as palavras (que por vezes não sei dizer) os meus amores.

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