quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Sinais no céu

Duas gaivotas cruzam o azul do céu e pousam no telhado em frente. Parecem estar a olhar para mim. Começam a gritar, como se quisessem chamar a atenção. Não percebo o que me querem dizer. Elas insistem e eu continuo sem saber. Sem saber o que fazer, sem saber o que dizer.
As gaivotas deixam um último grito, levantam voo e partem em direcção ao rio. O céu ficou ainda mais azul.
(...)
Cai a noite, de mansinho e as gaivotas voltaram. Já não as vejo, apenas escuto os gritos feitos mensagens que não consigo descodificar.
O céu está quase negro e de repente, dois riscos vermelhos rasgam a quase noite. Interceptam-se, formam um xis. As nuvens afastam-se como se obedecessem a uma ordem divina.
Os dois riscos vermelhos são agora os donos absolutos do firmamento. O xis fica ainda mais vivo de vermelho, parece incendiar a noite. E o ponto de intercepção, pisca-me o olho. As gaivotas voltam a partir.
(...)
Só há uma estrela no céu. Brilha envergonhada e tão longe de mim. A lua começou a nascer e oferece à noite um sorriso de prata. A estrelinha parece agora maior. Caminha na noite, em direcção a mim. Está agora à minha frente. Está tão perto mas ainda não lhe posso tocar.
As gaivotas voltaram. Chamam por mim. E eu vou. Essa estrela é minha.

1 comentário:

Mar Arável disse...

As estrelas também se conquistam