segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Ridícula (carta de amor)

" Todas as cartas de amor são ridículas..."
- Álvaro de Campos
Meu amor
Esta é a carta mais ridícula que alguma vez escrevi. Por ser uma carta de amor. E pergunto-me porque escrevo. Porque te escrevo esta carta de amor. Porque escrevo uma ridícula carta de amor. Para ti. E só encontro uma resposta. Porque adoro ser ridícula nestas coisas do amor. Porque o amor também é ridículo. E mais ridículo ainda é amar. Amar num mundo árido de sonhos e de esperança. E eu que acredito na esperança, na capacidade de correr atrás do sonho. Acredito ser possível agarrar o sonho com as duas mãos, beijar a esperança nas duas faces, abraçar a vida e inverter a tendência da aridez que tende a proliferar neste mundo.
Amo-te. Amo-te muito. Amo-te até quando sinto o teu desamor e a tua incredulidade. E o teu desapego pelo sonho. Amo-te porque te amo assim mesmo. Amo-te mais quando não desisto. De ti. Deste amor. Amo-te porque me sinto ainda mais ridícula se não te amar. Amo-te porque a vida me dá esta oportunidade de ser feliz. E para ser feliz é preciso amar. Amar-te e amar o céu que sabe de todos os teus sonhos. Amar-te e amar o sol que aquece a tua alma. Amar-te e amar a brisa que te afaga o rosto na minha ausência. Amar-te e amar o rio que corre para o mar onde navegas solitário. Amar-te e beijar a gaivota que grita comigo, o teu nome, na noite escura.
Amo-te ridiculamente. E amo-te muito. Como só as pessoas ridículas sabem amar. E fazer a diferença neste mundo, já quase que passa pelo ridículo. Porque - para muitos - é ridícula a capacidade dos seres humanos se emocionarem, chorarem e escrever cartas de amor.
Amo-te! E escrevi esse amor nestas ridículas linhas.
E amanhã vou rir-me de tudo isto. E continuar a sorrir sempre que pensar neste amor.
Um beijo
Adelaide

1 comentário:

maybe disse...

I'm appreciate your writing skill.Please keep on working hard.^^