quarta-feira, 5 de setembro de 2007

No teu poema

No teu poema
existe um verso em branco e sem medida,
um corpo que respira,
um céu aberto,
janela debruçada para a vida.
No teu poema
existe a dor calada lá no fundo,
o passo da coragem em casa escura e aberta,
uma varanda para o mundo.
Existe a noite,
o riso e a voz refeita à luz do dia,
a festa da Senhora da Agonia
e o cansaçodo corpo
que adormece em cama fria.
Existe um rio,
a sina de quem nasce fraco ou forte,
o risco,
a raiva e a luta de quem caiu que resiste,
que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
existe o grito e o eco da metralha,
a dor que sei de cor mas não recito
e os sonhos inquietos de quem falha.
No teu poema
existe um cantochão alentejano,
a rua e o pregão de uma varinae
um barco assoprado a todo o pano.
Existe um rio
a sina de quem nasce fraco ou forte,
o risco, a raiva e a luta de quem caiu que resiste,
que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
existe a esperança acesa atrás do muro,
existe tudo o mais que ainda escapa
e um verso em branco à espera de futuro.

José Luís Tinoco

http://www.youtube.com/watch?v=4tvlp2TpiPM

(N.B. Para mim, a versão mais bonita é cantada por Simone de Oliveira)

Sem comentários: