segunda-feira, 16 de julho de 2007

Cheiros

Cheira a terra molhada, a terra saciada de água. A terra estava quente, muito quente. A nuvem passageira, carregadinha de água, apagou-lhe lentamente o fogo e seguiu. Parece um pedaço gigante de algodão, muito branca, contornos assimétricos que lembram cabelos ao vento.
Este cheirinho a terra molhada faz-me bem. Gosto tanto deste aroma e não explicar a que cheira. Mas faz-me bem. Lava-me a alma, acalma-me as saudades que não tardam em voltar.
Está um tempo fresquinho e mesmo assim apetece-me comer um gelado. Sabe-me bem comer gelados quando está mais fresquinho, quando está frio, até quando chove.
Fecho a janela e continua a cheirar-me a terra molhada. É tão bom este cheirinho. É tão bom sentir que a terra se refrescou...
Somos feitos de terra e de mar, um dia vamos ser cinza e se acreditarmos, vamos ser uma estrelinha que no céu ilumina e guia os que cá ficam, os que amamos e deixámos aqui.
E enquanto cá estou, quero aproveitar bem os cheiros, os cheiros da terra molhada, da maresia, das pessoas que amo.
Cheira-me a terra, terra molhada que já esteve em brasa. Cheira-me a chuva refrescante. E cheira-me ao teu perfume. Se fechar os olhos vou acreditar que estás aqui. Colaste-te à pele, à minha pele. Está cá o teu perfume e o da terra molhada.
Estou em casa, sozinha, e cheira-me a ti. E cheira-me à chuva redentora. E sinto-te aqui. Se estivesse na praia, de certeza que te conseguia abraçar.

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