segunda-feira, 9 de julho de 2007

Clube de (outros) poetas

O mar encerra mil segredos, mil tesouros e mil histórias de amor, o mar é fonte de vida e às vezes traiçoeira mortalha. O mar embala o sono e os sonhos, o mar acalenta as almas, e às vezes também as desassossega. Às vezes o mar curva-se aos homens, às vezes também os curva. Há dias em que mar e homens são um só, comungam da mesma sorte, da mesma riqueza. Há dias em que estão zangados, e gemem, e gritam, e bradem e também choram. Choram os homens e chora o mar. São prantos de dor e de raiva que chegam a terra, que os búzios guardam nas conchas, que as gaivotas escutam e reproduzem na noite fria e solitária.
E quando todos choram no mar porque o mar também chora, em terra também há lágrimas, há preces, há raiva e há dor. Nesses dias o areal de cada praia fica mais salgado de lágrimas e de dor. Por cada vida que o mar roubou, que o mar exigiu como tributo, quando - talvez - zangado se assume como entidade maior, dono de cada vida e do contrário também.
Todas as histórias de mar são salgadas. Mais salgadas pela fúria da tempestade, mais saborosas quando temperadas pela generosidade dos pescadores. Nas veias destes homens corre sangue vermelho de vida, salgado de mar, temperado de amor, de medo e de mais amor. E corre a poesia feita ternura, a poesia feita bondade, feita bravura, feita à medida de cada momento.
Aqui também se contam histórias de mar, de pesca, de dor, de gente brava, de outros poetas que noutros tempos mal sabiam assinar (quando sabiam), de camaradas de faina e de vida que criam poemas de generosidade cada vez que se fazem às águas, em busca do pão de todos os dias.

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