sexta-feira, 31 de agosto de 2007

In Memorian

Xico da Cana faleceu faleceu esta noite. Francisco José Baptista, mais conhecido por Xico da Cana contava oitenta e três anos e tornou-se conhecido no meio musical pelas canções sobre Setúbal, o rio Sado e os pescadores, e a Serra da Arrábida e principalmente pela cana rachada usada para acompanhar as melodias, conferindo-lhes uma sonoridade diferente, atractiva e de cariz muito popular.
Rendido às belezas de Setúbal, do Sado e da Arrábida, foi justamente o tema "Rio Azul" (ver post abaixo) - da autoria de Mário Regalado, também já falecido - que maior projecção deu ao grupo musical, que liderava há mais de quarenta anos, o Conjunto Típico Xico da Cana, fundado de parceria com Luciano Salgado, depois de ter fundado um outro grupo, o Conjunto Canavial .
Francisco José Baptista, aliás Xico da Cana começou muito novo a desvendar os segredos do mar. Aos doze anos ingressa na faina, pela mão de tio, actividade que só abandonaria muitas décadas depois, devido a um acidente em terra. Em Sesimbra, chegou a ser mestre de traineiras "Aberta", "Pastorinha", "Previdência" e "Marateca".
Também bastante interessado pela gastronomia, abriu um primeiro restaurante na localidade de Volta da Pedra, concelho de Palmela, e alguns anos depois mudou o negócio para Setúbal, com a Tasca do Xico da Cana, numa artéria transversal à avenida Luisa Todi, rapidamente tornada local de culto para os apreciadores do excelente peixe fresco da cidade do Sado e da saborosa caldeirada confeccionada pelo próprio Xico da Cana.
Figura incontornável da cidade sadina, uma das primeiras apresentações em televisão terá ocorrido em finais da década de setenta no programa "Prata da Casa" (RTP), apresentado por Júlio Isidro. Nos últimos anos tornou-se uma presença regular em programas televisivos também na Sic, designadamente "Sic 10 Horas", "Às 2 por 3", "Fátima" e "Contacto".
Em 1992, a câmara de Setúbal atribuiu-lhe a Medalha de Mérito da Cidade.
Porque os afectos são eternos, Xico da Cana fica para sempre colado à memória e ao coração.
Até sempre Xico da Cana...


Ó rio Sado de águas mansas
que pró mar vais a correr,
não leves minhas esperanças
sem esperanças não sei viver.
Onde é que existe um rio azul igual ao meu...


In "Rio Azul" (Mário Regalado)

1 comentário:

Anónimo disse...

É bonito o que tu escreveste, eu já estive hoje no velório e amanhã vou estar no funberal.