terça-feira, 14 de agosto de 2007

Pintar paredes

Ainda hoje me deixo fascinar com as pinturas murais que após o 25 de Abril de 1974 começaram a animar as ruas deste país que começava a sair de um cinzentismo cheio de teias de aranha. Eram pinturas feitas, acredito, por autênticos artistas anónimos, gente do povo, que pintava e embelezava as paredes, partilhando uma arte maior com quem passava. Eram - são - pinturas feitas com alma. Deram cor às paredes, eram manifestações de júbilo pela liberdade que começava a despontar.
Note-se bem, estou a falar de pinturas. De muitas cores, onde predominava o vermelho e o preto, e ainda o azul, o verde... Eram de facto pinturas, muito bem feitas. Quando as vejo, lembram-me naturalmente o 25 de Abril, a chegada dessa liberdade que de certeza mudou a - na altura - minha curta vida.
Também acho alguma graça aos grafittis, quando feitos com alma, quando estão bem feitos, quando não são apenas mais sujidade nas paredes. E, nesta altura do ano, também gosto de ver paredes caiadas de branco. E acho perfeitamente criminoso e gratuito que certos parvalhões sujem as paredes - recém caiadas - com borrões de tinta preta, que nada dizem, e que nada são, a não ser uma inqualificável falta de respeito para com os outros.
Assim não há liberdade que resista!

1 comentário:

Maria Clarinda disse...

E como concordo contigo!!!!Adorei o post.