quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Prometi que não chorava...

Sempre que entra o mês de Agosto, lembro-me ainda mais de ti. Partiste num dia tão quente, depois de muita agonia, depois de te terem roubado a vida, de forma tão cobarde. Um clone barato - e mal feito - de ser humano atropelou-te e deixou-te caído no chão, depois de criminosamente ter conduzido após beber uns copos, sabe-se lá quantos copos, copos que se transformaram em pregos do teu caixão.
Eras muito generoso, tinhas um coração grande e muito bonito, eras tão jovem e já conhecias os caminhos do bem e da justiça. É assim que te guardo no meu coração.
No dia em que partiste, a tua irmã Paula pediu-me que não chorasse junto da vossa mãe, do vosso pai, da vossa irmã, junto à vossa família. Nesse dia, Carlos, e em todos estes longos dezoito anos, engoli as lágrimas sem as mastigar, porque existem pedidos irrecusáveis, porque são lágrimas de muita dor. Porque a dor da tua família, é muito maior que a minha e a generosidade também.
Confesso-te Amigo, que me comovi de felicidade no dia em que a tua irmã Paula casou (se o teu cunhado sabe, vai gozar comigo) nos dias em que os teus sobrinhos chegaram a este mundo. Quando o Diogo nasceu, a tua irmã Susana levou-me junto do berço do menino enquanto me dizia: "Anda, vou-te apresentar o nosso sobrinho!". Com o nascimento do Miguel ganhei mais um sobrinho e assim a família de afectos aumenta naturalmente.
A amizade que une está para além das estrelas, de todas as estrelas. As saudades são difíceis de aguentar e às vezes nascem-me cataratas nos olhos. Como agora... Não importa, eu só prometi não chorar quando estivesse ao pé da tua família. E essa promessa eu cumpri. Acredito que me estás a ver e o teu coração bondoso transforma estas lágrimas em rios de ternura.
Está tanto calor como naquele dia... e sinto que estás aqui, ao pé de mim. E de certeza junto aos outros amigos, no seio da tua família, da mesma maneira que sei que és uma das estrelinhas cintilantes que todos os dias, lá no céu, me deseja uma boa noite e lembra que vale a pena continuar a sonhar.

1 comentário:

Maria Clarinda disse...

E é com rios de ternura que te deixo um beijo.
Adorei andar por aqui.