sexta-feira, 31 de agosto de 2007

... Um rio (rádio) azul igual ao meu

O rosto moreno, o sorriso aberto e a arte maior de fazer música com uma cana rachada são imagens que se colam à memória. A canção "Rio Azul", cujo refrão é uma espécie de hino para uma geração de jornalistas, animadores, operadores de som e administrativos da Rádio Azul, fizeram com que Xico da Cana fosse "gente de casa", tal como o Mário Regalado, autor do tema, e já falecido há uns anos.
Nos dias do aniversário da primeira emissão da estação radiofónica (01/07/07), era quase um ritual cantar o refrão de "Rio Azul" antes dos parabéns e do apagar das velas, alterando um bocadinho, pequenino, o refrão. Ora vejam, a versão original...

Onde é que existe um rio azul igual ao meu
que em certos dias tem mesmo a cor do céu,
minha cidade é um presépio é um jardim
queria guardá-la inteirinha só para mim.
(Mário Regalado)
E agora, a versão adaptada...
Onde é que existe um rádio azul igual ao meu
que em certos dias tem mesmo a cor do céu,
minha rádio é um presépio é um jardim
queria guardá-la inteirinha só para mim.
São memórias de um tempo que ficou colado à pele, aos sentidos. São memórias de um tempo que serviu para aprender, crescer, fazer amigos, criar laços para a vida. Memórias de um outro tempo também de juventude, generosidade, amor à camisola, empenho e profissionalismo a crescer. Hoje, mais velhos, mais crescidos, mais profissionais, mais ou menos vencedores, hoje continuamos a partilhar as memórias que se colaram à pele e ao coração. Hoje, particularmente tristes, trauteamos baixinho o nosso rio (rádio) azul... e desfiamos outras recordações.
Obrigada Mário Regalado pela inspiração. Obrigada Xico da Cana pela interpretação. Hoje voltaram a reencontrar-se, num espaço de muita luz.
Até sempre, até às estrelas

3 comentários:

natália disse...

As nossas vidas são feitas também das pessoas que por elas passam e algumas delas marcam definitivamente alguns momentos verdadeiramente especiais. O Ti Xico da Cana é uma dessas pessoas. E nas memórias da minha vida terá sempre um lugar especial.
Quando casei, a minha madrinha de casamento perguntou-me se eu já tinha cd's para a boda e se tinha música. Disse-lhe "Tenho lá em casa umas coisas" ao que ela respondeu: "eu levo a música".
E levou!!! A música e os músicos que me aguardavam à chegada do restaurante!!! Entre eles um homem de farta cabeleira branca e sorriso bem disposto acompanhado da sua inseparável cana.
O Ti Xico da Cana foi a banda sonora do meu casamento! E isso faz dele uma memória eterna, pelo menos na minha vida!

Anónimo disse...

Onde é que existe um rio azul igual ao meu;
Que em certos dias tem a mesma cor do céu.«.....»

Recordações de quem nasceu em Setúbal, de quem se habituou a ver e ouvir Xico da Cana com a sua cana interpretar esta canção um hino a Setúbal.
Muitas vezes o entrevistei, muitas vezes emocionei-me ao ouvi-lo, a lágrima ficava sempre presa quando lhe falava do meu avô; eu via o Xico da Cana como o avô que nunca conheci, tinham a mesma idade, eram amigos, o meu partiu há mais de 40 anos, reencontram-se este fim de semana.
A cidade não será a mesma, agora espero que não esqueça uma das figuras mais tipicas.

Descansa em Paz Xico.!!!!

Anónimo disse...

Muito Obrigado, não só pelas palavras amigas, que dedica ao Ti Xico, mas também pela lembrança do meu Pai, Mário Regalado.
São duas figuras impar no cantar desta cidade, que partiram para sempre do nosso convívio.
A satisfação que temos é que o “Rio Azul igual ao meu”, esse é eterno, ou pelo menos enquanto existir continuidade desta geração.